Benfica e Braga procuram oitavos da Liga Europa com adversários `Champions`

por Lusa
Fotos: UEFA Europa League@facebook/DR

O Benfica, numa 'estranha' eliminatória em campo neutro com o Arsenal, e o Sporting de Braga, face à Roma, de Paulo Fonseca, começam a jogar na quinta-feira o acesso aos oitavos de final da Liga Europa em futebol.

Apesar de estarem na ‘segunda divisão’ europeia, lisboetas e minhotos vão ter pela frente adversários de ‘primeira’, de ‘Champions’, e que, mesmo não sendo, longe disso, os melhores dos respetivos países, partem, claramente, como favoritos.

O Arsenal já esteve 19 vezes na fase de grupos da ‘Champions’ e é mesmo o recordista de eliminações nos ‘oitavos’ (nove), enquanto a Roma totaliza 11 e foi semi-finalista da prova em 2017/18, depois de afastar o FC Barcelona, de Lionel Messi.

Na presente temporada, os londrinos seguem apenas no 10.º lugar da ‘Premier Legue’, mas já conquistaram a Supertaça inglesa e só estão a dois triunfos do quarto, e os romanos são terceiros na Serie A, apenas atrás de Inter e AC Milan e à frente da Juventus.

As credenciais estão na ‘mesa’, sendo que, por culpa da pandemia da covid-19, e mais precisamente das medidas aplicadas pelo governo britânico, o duelo entre Benfica e Arsenal vai ser disputado em dois jogos em campo neutro.

O Benfica vai ‘receber’ os ingleses no Estádio Olímpico de Roma, no que será apenas o terceiro jogo dos ‘encarnados’ como anfitriões fora da Luz – depois de dois no Bessa, em 2003/04, face às obras de conclusão do novo recinto – e, uma semana depois, ‘visitará’ os ‘gunners’ em Atenas.

Os ‘encarnados’, que de qualquer forma não teriam o apoio do público, há muito proibido de rumar aos estádios, estão, ainda por cima, longe, muito longe, do seu melhor, na ‘ressaca’ do surto de covid-19 que assolou o plantel.

O treinador Jorge Jesus já tem agora quase todos à disposição, sendo exceção o lesionado André Almeida, mas, como se viu no domingo, em Moreira de Cónegos (1-1), o coletivo funciona mal, com a equipa muito longe do que prometeu nos primeiros ‘compassos’ da época e com muitos jogadores fora de forma.

Frente a equipas do escalão principal, o Benfica, quarto da I Liga, soma três vitórias, todas em casa (2-0 ao Tondela, 3-0 ao Belenenses SAD e 2-0 ao Famalicão), cinco empates e duas derrotas nos últimos 10 jogos, um mau ‘cartão de visita’.

Quanto ao Arsenal, as contas internas estão complicadas, mas os ‘gunners’ atuam no melhor campeonato do Mundo, no qual somam seis vitórias, dois empates e duas derrotas nos últimos 10 encontros, incluindo um 3-1 ao Chelsea, um 3-1 em Southampton e um 0-0 com o Manchester United.

No domingo, na receção ao Leeds (4-2), o avançado gabonês Pierre-Emerick Aubameyang, que já marcou ao Benfica pelo Borussia Dortmund (‘hat-trick’ nos ‘oitavos’ de Champions de 2016/17), marcou três golos e mostrou que está em forma, o que pode ser um problema adicional para os ‘encarnados’.

Com o português Cédric Soares e o ex-benfiquista David Luiz no ‘onze’, os comandados do espanhol Mikel Arteta chegaram a estar a vencer o Leeds, que ultrapassaram na tabela, por 4-0, pelo que chegam, também coletivamente, em ‘alta’.

Quanto ao Sporting de Braga, está bem melhor do que o Benfica, numa série de sete jogos sem perder, com cinco vitórias e dois empates - ambos em casa frente ao FC Porto e após estar a perder, ainda que com recuperações em vantagem numérica.

Os comandados de Carlos Carvalhal, que não perdem desde o 0-1 com o Sporting na final da Taça da Liga, em 23 de janeiro, têm tido, porém, várias infelicidades, nas lesões graves de David Carmo e Iuri Medeiros, às quais se junta a saída de Bruno Viana.

As remodelações, em relação à fase de grupos, na qual o Sporting de Braga só perdeu para o Leicester, não se ficam por aqui, pois também não haverá Paulinho, que rumou ao Sporting, mas poderá haver, em estreia, Borja, Sporar e Lucas Piazón.

Pela frente, o conjunto minhoto vai ter uma Roma que tem vivido uma época tumultuosa, sob o comando de Paulo Fonseca, mas que, apesar de todos os problemas, segue num mais do que positivo terceiro lugar do campeonato de Itália.

O conjunto que tem na estrutura o ex-dirigente do Benfica Tiago Pinto venceu três dos últimos quatro jogos – exceção a um 0-2 na casa da Juventus -, depois de dois pesados 0-3 no Olímpico, com a rival Lazio e o Spezia, para a Taça de Itália.

O ambiente ainda não parece, porém, ‘despoluído’, o que não invalida que a formação transalpina seja formada por uma série de jogadores de grande categoria, que podem fazer toda a diferença na hora de pender a balança para um dos lados.

Apesar de ‘outsiders’, Benfica e Sporting de Braga têm, porém, história na Liga Europa e ambição de surpreender, ou os ‘encarnados’ já não tivessem afastado Paris Saint-Germain, Tottenham ou Juventus e os ‘arsenalistas’ o Liverpool.

O encontro entre o Sporting de Braga e Roma está marcado para as 17:55 de quinta-feira, no Estádio Municipal de Braga, enquanto o Benfica ‘recebe’ o Arsenal no Estádio Olímpico de Roma a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa).

Os jogos da segunda mão estão marcados para 23 de fevereiro, sendo a vez de os bracarenses jogarem em Roma, mas como visitantes, e de os ‘encarnados’ atuarem em Atenas, na Grécia, o reduto emprestado do Arsenal.

Benfica ultrapassou cinco de seis eliminatórias, Braga duas de cinco
O Benfica tem um registo quase perfeito nos 16 avos de final da Liga Europa de futebol, com cinco apuramentos em seis eliminatórias, enquanto o Sporting de Braga ultrapassou duas de cinco.

Os ‘encarnados’ qualificaram-se nas cinco primeiras presenças, caindo apenas na época passada, face ao Shakhtar Donetsk, de Luís Castro, e os ‘arsenalistas’ chegaram a ter um balanço positivo (duas em três), mas ‘tombaram’ nas duas últimas.

Antes do insucesso face aos ucranianos, o Benfica tinha ultrapassado três equipas alemãs (Hertha Berlim, Estugarda, Bayer Leverkusen), uma grega (PAOK Salónica) e uma turca (Galatasaray).


No total, o Benfica conta oito vitórias, três empate e apenas uma derrota, com 22 golos marcados e nove sofridos.

Por seu lado, o Sporting de Braga superou os polacos do Lech Poznan e os suíços do Sion e foi afastado pelos turcos do Besiktas, os franceses do Marselha e, na época passada, pelos escoceses do Rangers, que ganharam 3-2 em Glasgow e 1-0 na ‘pedreira’.

Em matéria de resultados globais, os ‘arsenalistas’ contam quatro triunfos, um empate e cinco derrotas, com 10 golos marcados e 13 sofridos.

A exemplo dos minhotos, o FC Porto só seguiu em frente em duas de cinco participações nos 16 avos de final da Liga Europa, e o Sporting qualificou-se em três de oito, pelo que é dos ‘encarnados’ o único registo luso positivo.

O balanço global está, ainda assim, nivelado, com 12 apuramentos e 12 eliminações, mas já com mais derrotas (19) do que vitórias (17) e mais golos sofridos (67) do que marcados (64).

Os números caíram muito com a ‘hecatombe’ da época passada, em que Benfica (face ao Shakhtar Donetsk), Sporting de Braga (Rangers), FC Porto (Bayer Leverkusen) e Sporting (Basaksehir) caíram todos nesta fase da competição.

Académica, Arouca, Belenenses, Estoril Praia, Marítimo, Nacional, Paços de Ferreira, Rio Ave e Vitória de Guimarães representaram Portugal em pré-eliminatórias ou na fase de grupos, mas nunca chegaram aos 16 avos de final da Liga Europa.

Benfica eliminou Arsenal rumo à primeira fase de grupos na 'Champions'
O Benfica só defrontou uma vez o Arsenal e afastou os ingleses de forma sensacional, na época 1991/92, com Isaías como ‘herói’, rumo à primeira fase de grupos da história da principal prova europeia de clubes de futebol.

Sob o comando do sueco Sven-Goran Eriksson, os ‘encarnados’ empataram 1-1 na Luz, para, depois, vencerem no Highbury Park por 3-1, após prolongamento, naquela que é uma das grandes noites europeias da brilhante história europeia das ‘águias’.

Em Londres, em 06 de novembro de 1991, Colin Pates adiantou os locais - no jogo e na eliminatória -, aos 20 minutos, mas Isaías marcou aos 36 o tento que restabeleceu a igualdade e forçou o tempo extra, pois não houve mais golos no tempo regulamentar.

No prolongamento, o russo Vasili Kulkov selou a reviravolta, aos 100 minutos, assistido pelo compatriota Sergei Yuran, para, aos 107, Isaías ‘bisar’, para o seu terceiro golo na eliminatória, e garantir ao Benfica um lugar na histórica fase de grupos.

O Benfica viria a ficar no Grupo B, juntamente com FC Barcelona, Sparta Praga e Dinamo Kiev, enquanto o Grupo A foi composto por Sampdoria, Estrela Vermelha, Anderlecht e Panathinaikos, numa altura em que só campeões tinham acesso à prova.

A UEFA batizou o novo formato como Liga dos Campeões, designação que se mantém, mas, numa decisão que só a organização pode – ou não – explicar, essa época não entra nas estatísticas da ‘Champions’, que oficialmente só começa em 1992/93.

Independentemente desse facto, os ‘encarnados’ fizeram história em Highbury, onde se apresentaram inicialmente com Neno, Kulkov, Rui Bento, Paulo Madeira, Veloso, Vítor Paneira, Thern, Schwartz, Rui Costa, Isaías e Yuran.

Sven-Goran Eriksson, que estava a cumprir a segunda passagem pelos ‘encarnados’, fez as duas substituições permitidas, colocando em campo César Brito (80 minutos, por Rui Costa) e José Carlos (118, por Isaías).

Na primeira mão, na antiga Luz, Isaías também marcou, logo aos 15 minutos, mas a vantagem do Benfica quase nada durou, já que, aos 17, Kevin Campbell restabeleceu a igualdade, que se manteve até ao final do encontro.

Em relação ao jogo de Londres, o sueco apostou inicialmente em Rui Águas, que viria a ser substituído por César Brito aos 48 minutos, e não utilizou Rui Costa. Pacheco também jogou, entrando aos 74, para o lugar do ‘capitão’ Veloso.

Antes desta eliminatória, o Benfica tinha ‘cilindrado’ o Hamrun Spartans, de Malta, por 10-0, com 6-0 fora, num jogo em que Yuran logrou um ‘póquer’, e 4-0 em casa.

Na fase de grupos, o Benfica chegou ao último jogo ainda com hipóteses de chegar à final, só para o primeiro colocado, mas tinha de vencer no reduto do FC Barcelona, o que não aconteceu, com os catalães a imporem-se por 2-1.

A formação ‘culé’ acabaria por chegar ao seu primeiro título europeu, ao vencer na final de Wembley a Sampdoria por 1-0, após prolongamento, graças a um livre direto do holandês Ronald Koeman, que já treinou o Benfica e orienta agora o ‘Barça’.

O terceiro encontro entre Benfica e Arsenal, da primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa, realiza-se na quinta-feira, pelas 21:00 locais (20:00 em Lisboa), no Estádio Olímpico de Roma, casa emprestados dos ‘encarnados’. O primeiro embate entre Sporting de Braga e Roma é às 17:55, na ‘pedreira’.

Sporting de Braga tem condições para ultrapassar Roma
O Sporting de Braga tem todas as condições para seguir em frente na Liga Europa, apesar de a eliminatória ser de elevada dificuldade, frente à Roma, considerou o antigo futebolista dos italianos Abel Xavier.


O ex-selecionador de Moçambique representou os romanos, como jogador, na época de 2004/05, e em declarações à Lusa mostrou seguir de perto a atualidade dos dois clubes que se vão defrontar nos 16 avos de final, mas não conseguiu, ainda assim, apontar um favorito.



“São duas equipas com um futebol dominante, de posse, portanto não consigo, sinceramente, dar favoritismo a uma equipa. Agora, acredito que vai se um jogo de muita qualidade, e quando falamos disso estamos a olhar para quem comete menos erros e quem será mais forte nas bolas paradas, que pode ser determinante nesta eliminatória”, analisou o antigo internacional português.

A Roma é “uma equipa extremamente competitiva”, e “muito bem liderada por Paulo Fonseca”, treinador português que colocou na equipa um cunho pessoal que “vai de encontro àquilo que o adepto gosta”, ou seja, “futebol dominante, de características muito próprias e vinculadas a uma ideia de jogo positiva”, comentou Abel Xavier.

O Sporting de Braga “tem aumentado a competitividade em virtude de um grande trabalho da estrutura” e, segundo o antigo internacional português, tem em Carlos Carvalhal “um dos treinadores mais qualificados do futebol europeu no que diz respeito à preparação das equipas e a reduzir o défice competitivo” em relação aos adversários.

“Portanto, o Sporting de Braga jogará em Roma da mesma forma como se jogasse em Braga. O seu futebol tem o cunho pessoal do próprio treinador, Carlos Carvalhal, que muito prezo, e dinâmicas muito próprias de domínio sobre o jogo, alterando mesmo as ideias consoante o que o jogo está a pedir”, frisou.

E, um dos maiores problemas que se podem colocar à equipa portuguesa, é mesmo a quantidade de ‘baixas’ no setor defensivo, “que fica um pouco comprometido”, mas Abel Xavier acredita nas capacidades de Carlos Carvalhal, que “tem sempre encontrado soluções e a equipa tem sempre correspondido”.

“A questão é que vai entrar-se aqui numa fase de alta competitividade em relação ao tempo de recuperação e jogos. Creio que o Sporting de Braga tem um plantel reduzido, portanto esta gestão tem de ser feita com muito cuidado, mas não tenho dúvidas que vai continuar a ser competitivo, tanto na Europa como a nível nacional”, assumiu.

O treinador do Sporting de Braga, de resto, frisou após o jogo frente ao FC Porto, a contar para a I Liga, que a sua equipa irá disputar 10 jogos no mesmo período em que a Roma vai jogar cinco, motivo pelo qual Abel Xavier considera que deve ser feita “uma reflexão profunda a nível europeu”.

“Acredito que com uma melhor calendarização podemos ter melhor futebol, com melhor qualidade, mas para isso é necessário que a cronologia das competições bata certo, faça sentido. Nós, hoje, temos também a sustentabilidade do futebol a chocar com a gestão dos grupos, dos quadros competitivos dos campeonatos, por isso isto não é uma reflexão nacional, tem de ser a nível europeu”, comentou.

O Sporting de Braga recebe a Roma na quinta-feira, às 17:55, em encontro da primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa de futebol. O encontro da segunda mão está agendado para uma semana depois, em 25 de fevereiro, no Estádio Olímpico de Roma.

A equipa portuguesa chegou a esta fase da competição após terminar a fase de grupos no segundo lugar do Grupo G, atrás do Leicester (Inglaterra) e à frente do Zorya Luhansk (Ucrânia) e do AEK Atenas (Grécia).

Já os ‘transalpinos’ venceram o Grupo A, à frente do Young Boys (Suíça), do Cluj (Roménia) e do CSKA de Sófia (Bulgária).



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