Iranianas assistem livremente pela primeira vez em décadas a um jogo de futebol

por Lusa
Mulheres iranianas puderam ver o futebol pela primeira vez em décadas EPA

As mulheres iranianas fizeram esta quinta-feira história ao entrar num estádio de futebol, em Teerão, pela primeira vez em décadas, para assistir ao jogo Irão-Camboja, de qualificação asiática para o Mundial de futebol de 2022.

O encontro, a decorrer no estádio Azadi, em Teerão, assumiu uma importância suplementar depois de o Irão, perante a pressão das instâncias que tutelam o futebol mundial, ter atribuído 4.000 ingressos a mulheres, banidas dos estádios desde 1979, num recinto com a capacidade para cerca de 80.000 espetadores.

As autoridades iranianas forneceram segurança especial e policias do sexo feminino para a partida, que conta com os iranianos Mehdi Taremi, do Rio Ave, e Mehrdad Mohammadi, do Desportivo das Aves, respetivamente, a titular e suplente.

A abertura dos estádios a mulheres surge semanas depois de a jovem iraniana Sahar Khodayari, de 29 anos, se ter imolado em frente a um tribunal de Teerão, vindo a falecer, depois de ter sido condenada a seis meses de prisão por tentar ir a um jogo.

A morte de Sahar Khodayari suscitou uma ‘onda’ de protestos nas redes sociais, com várias figuras mediáticas a pedirem à FIFA que banisse o Irão das competições internacionais e que os adeptos não assistissem aos jogos.

Entretanto, uma delegação da FIFA deslocou-se à capital iraniana, onde se encontrou com responsáveis governamentais, e disse ter recebido garantias de que as mulheres seriam autorizadas a entrar nos estádios.

Desde 1979, após a revolução islâmica, as mulheres foram proibidas de entrar em estádios, com a justificação oficial de as proteger dos homens.

O Irão é a última nação do mundo a proibir mulheres em partidas de futebol. Recentemente, a Arábia Saudita começou a permitir que as mulheres pudessem assistir aos jogos de futebol.
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