"Football Leak". Diretor da PJ destaca colaboração efetiva e relevante de Rui Pinto
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, enfatizou esta quarta-feira a importância da colaboração estabelecida com Rui Pinto e sublinhou que o principal arguido do processo "Football Leaks" "mudou radicalmente" de atitude há cerca de um ano.
No depoimento prestado na 41.ª sessão do julgamento, Luís Neves sublinhou que a alteração - "do dia para a noite" - da postura do arguido ocorreu após a fase de instrução do processo, sendo que, até esse momento, havia "posições extremadas" relativamente à atitude das autoridades por uma suposta "complacência".
Paralelamente, o diretor nacional da PJ afirmou que "a polícia nunca assumiu qualquer compromisso" no âmbito desta colaboração com Rui Pinto, mas apenas com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), organismo com o qual foram partilhados todos os resultados desse trabalho. No entanto, não deixou de tecer elogios às capacidades e às preocupações de Rui Pinto, sublinhando também as "dificuldades" económicas da sua vida.
"Além da formação de que é detentor, tem uma grande memória, é uma pessoa muito capaz e consegue estabelecer grandes conexões", frisou, acrescentando: "Pelas conversas que tivemos com ele, percebemos que era uma pessoa com conhecimentos e com preocupação, sobretudo numa vertente de bem social. Preocupavam-no questões de desigualdade social e, sobretudo, os branqueamentos de capitais e fraudes fiscais".
Abrir caminhos ao arguido
"Se, nas segunda ou terceira oportunidades, tivesse sentido que este caminho de ressocialização não era efetivo, não teria estado mais vezes presente. A polícia também deve contribuir para a reintegração e entendo que pode ser um cidadão que não reitere na prática dos factos de que é aqui suspeito", vincou.
Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do "Football Leaks" encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.