Paulo Futre fala de liderança "à força" aos 23 anos como capitão do Atlético de Madrid

por Lusa
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O antigo futebolista Paulo Futre falou hoje num momento de liderança quando representava as cores do Atlético de Madrid, em que foi obrigado a ser capitão aos 23 anos de um balneário espanhol e sendo o único português.

Durante o discurso no quatro congresso realizado pelo Sporting, em Lisboa, denominado 'The Future of Football' (O Futuro do Futebol), o também ex-jogador dos 'leões' deu um exemplo de liderança "à força", vivido na própria pessoa no balneário dos 'colchoneros' na época 1988/89.

"Aquele dia em que soube que ia ser capitão do Atlético foi o pior dia que passei num balneário, tive pânico. O presidente mais polemico do Mundo, Gil y Gil, no dia seguinte a ele despedir o nosso capitão, Artecha, chegou ao estádio e veio o delegado ter comigo a dizer que ia haver reunião, que o presidente quer falar comigo", começou por contar.

Paulo Futre foi confrontado com a notícia de ser capitão e temeu o pior ao ser líder de um balneário com colegas acima dos 30 anos, com alguns internacionais, outros da formação e quase todos espanhóis.

"Eu tenho 23 anos e você vai meter um português a ser capitão de todos eles? Você vai-me matar. Obrigou-me, não havia hipótese, e saí a tremer", recordou, antes de revelar como conseguiu ser respeitado no balneário.

Aguilera, um médio espanhol de 20 anos, subiu na altura ao escalão sénior e ainda com um contrato amador, mas deparou-se com um tumor benigno na tíbia. Foi um "drama" no balneário 'rojiblanco', segundo Futre, e uma oportunidade para responder e confrontar o presidente que havia feito uma promessa.

"O presidente Gil y Gil disse que ia fazer um contrato (devido à doença) com o Aguilera para cinco, seis anos ou até vitalício se fosse preciso. O tempo passava e eu dava sempre o toque ao presidente para renovar. Ao miúdo não lhe diziam nada e chegou a altura de renovarem comigo", contou.

O antigo internacional português, por 41 ocasiões, salientou o elevado número de jornalistas espanhóis no momento de assinar, ao mesmo tempo em que desafiou Gil y Gil, que se sentiu "chantageado".

"Ele deu-me a caneta e eu disse: 'vais chamar o miúdo (Aguilera) e o empresário. Não me pode fazer isso, você prometeu, tem de fazer isso agora'. E consegui. Assinou à minha frente e fez uma carreira espetacular", declarou.

Futre sentiu-se assim "líder e capitão pela primeira vez", conquistando o respeito dos colegas com um simples gesto.

"O miúdo ficou e, quando entro no balneário, foi a primeira vez que vi o respeito por mim. Nos pequenos detalhes vi o olhar dos meus companheiros. Senti-me pela primeira vez líder e respeitado no balneário", terminou, não sem antes atirar: "Ninguém pode ser líder aos 23 anos. Alguns nascem, outros fazem-se e outros são obrigados, que foi o meu caso".

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