Cerca de 30 mil milhões de euros de depósitos saíram dos bancos gregos até final de maio

por Lusa

Cerca de 30 mil milhões de euros saíram dos bancos gregos até final de maio, segundo um documento da Comissão Europeia que se mostra muito preocupada com a situação do setor bancário da Grécia.

De acordo com o relatório datado de 10 de julho da Direção-Geral de Assuntos Económicos e Financeiros, elaborado após o Governo liderado por Alexis Tsipras ter pedido oficialmente um novo programa de resgate por três anos, a liquidez do sistema bancário grego já se vinha a agravar significativamente desde meados de 2014, mas está agora "num estado muito crítico".

A Comissão refere que, desde o início do ano até ao final de maio, mais de 30 mil milhões de euros em depósitos saíram dos bancos, correspondentes a 19% do total.

Para compensar a saída de depósitos, mas também de outros fatores que afetaram a liquidez, subiu a exposição dos bancos ao financiamento do banco central para mais de 116,4 mil milhões de euros. Especificamente quanto à linha de liquidez de emergência, a única linha a que atualmente as instituições gregas se conseguem financiar junto do banco central, a dependência aumentou para 78 mil milhões no final de maio.

Atenas foi obrigada a impor controlo de capitais no final de junho para evitar o colapso da banca após a fuga de depósitos que se agravou aquando do anúncio do referendo, sendo que desde então os gregos só podem levantar até 60 euros por dia e os bancos estão fechados.

Para evitar a rutura do setor bancário, o Banco Central Europeu (BCE) tem mantido o teto máximo da linha de liquidez de emergência, em perto de 89 mil milhões de euros.

A Comissão Europeia diz que os controlos de capital ainda deverão permanecer "por um período prolongado de tempo até que a confiança dos depositantes seja restaurada", o que deverá fragilizar ainda mais a situação das instituições, por exemplo através do aumento dos empréstimos malparados, e terá também efeitos na economia real, com impacto especialmente no comércio e turismo.

A dramática situação dos bancos gregos é uma das maiores preocupações da Comissão Europeia, BCE e Fundo Monetário Internacional, que estimam que do próximo pacote de resgate à Grécia cerca de 25 mil milhões de euros sejam usados para recapitalizar os bancos ou mesmo para fazer face a eventuais falências.

Sem um novo pacote de resgate, diz este documento da Comissão Europeia, "o setor bancário irá inevitavelmente entrar em colapso".

 

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