Sindicato denuncia pressões sobre pilotos e reclama maior adesão à greve

por Ana Sofia Rodrigues, RTP
Nuno Patrício, RTP

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil denuncia, em email aos associados, alegadas pressões do Serviço de Operações e Escalas para demover profissionais da greve. Ao mesmo tempo, numa sms que está ser enviada aos pilotos, a estrutura avança que o número de cancelamentos de voos nesta quarta-feira “duplicou quando comparado com o dia anterior”.

“Caro Associado, o número de cancelamentos de hoje até esta hora duplicou quando comparado com o dia anterior. Dos 83 voos planeados, 49 foram cancelados”, lê-se na mensagem de telemóvel enviada pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC). Uma sms difundida cerca das 11h00.
Esta manhã, Carina Correia, do gabinete de imprensa da TAP, afirmava à Lusa que a previsão para este sexto dia de greve apontava para o cumprimento de cerca de 70 por cento dos voos, mantendo-se assim a tendência dos últimos dias.


Contactado pelo online da RTP, Luís Rosendo, assessor do SPAC, confirma o envio desta mensagem aos associados. Alega que, apesar de neste momento “não conseguirem dados com toda a fiabilidade” possível, dado que a TAP terá efetuado alterações de escalas, esta informação está a ser enviada para os associados para dar conta do evoluir da situação. Números que o assessor considera que “não se justificam” ser comunicados para o exterior.

Luís Rosendo considera que esta sms não é uma forma de conseguir maior adesão à greve, mostrando-se convicto de que cerca de 90 por cento dos associados do SPAC estejam em luta. O assessor avança que são cerca de 750 associados do Sindicato, num universo de cerca de um milhar de pilotos.

Pressões
O SPAC emitiu ao fim da tarde de ontem, pelas 19h13, uma nota informativa aos associados, com vista a alertar os pilotos para alegadas pressões.

Nessa nota, a que a RTP teve acesso, a direção sindical diz ter tomado conhecimento de que o SOE (Serviço Operações e Escalas) “está a exercer pressões junto de alguns Pilotos, na tentativa de os demover da decisão de aderir à greve decretada em Assembleia de Empresa, no passado dia 15 de abril”.

O mesmo email recorda aos pilotos que, durante o período de greve, “não têm obrigação de atender os telefonemas do SOE”, insistindo que a TAP “não pode nomear um piloto aderente à greve para qualquer voo, mesmo que de serviços mínimos”.

Em resposta a estas acusações, Carina Correia, porta-voz da TAP, veio dizer que tem sido o sindicato a pressionar os pilotos, e não a empresa.

A companhia aérea faz ainda um novo balanço dos números da greve até ao final da manhã deste sexto dia de paralisação, argumentando que, dos 173 voos previstos, 50 cancelados e 123 voos foram realizados.
Pilotos "alertam" supervisior
Estes dados estão a circular num momento em que o SPAC anuncia a apresentação de um "alerta" à entidade supervisora, para que sejam verificados os padrões de segurança dos voos que estão a ser realizados em tempo de greve.
Hélder Santinhos, da direção do sindicato, explica ao jornalista da Antena1 Nuno Rodrigues os fundamentos do "alerta" à Autoridade Nacional da Aviação Civil. "Esta não é a TAP que eu conheço", salienta o dirigente sindical.

A TAP já garantiu que não há nenhuma quebra de segurança nos voos realizados.
A porta-voz da TAP considera que há uma "falta de sentido de realidade" por parte do Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil. 
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