Dezoito mil milhões de euros em empréstimos a fazer chegar à Ucrânia no próximo ano. É este o resumo do pacote que a presidente da Comissão Europeia detalhou, este domingo, em conversa telefónica com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Trata-se, segundo o gabinete de Ursula von der Leyen, de empréstimos a longo prazo, com condições favoráveis e cobertura dos custos dos juros.
O objetivo passa por “garantir um financiamento previsível e regular de funções essenciais do Estado”. Pretende-se também acautelar ao apoio às “reformas da Ucrânia” e ao “seu caminho para a adesão” à União Europeia.
“O pacote financeiro da UE terá de ser acompanhado por um apoio semelhante de outros grandes doadores”, enfatiza a Comissão, que refere ainda “trabalhos em curso” para garantir ajuda humanitária durante o inverno.“A UE está pronta para apoiar a Ucrânia a longo prazo”, afiança Bruxelas. O país já recebeu, desde o início do ano, um total de 19 mil milhões de euros em apoios da Europa.
No último Conselho Europeu, os chefes de Estado e de governo da União abordaram a possibilidade da atribuição mensal de financiamento ao país invadido pelas tropas de Vladimir Putin. Kiev já fez saber que necessita de cerca de “três mil milhões a quatro mil milhões de euros por mês”, tendo em vista garantir “recursos suficientes para o básico”.
No contacto deste domingo, Ursula von der Leyen e Volodymyr Zelensky abordaram também o tema das exportações de produtos agrícolas da Ucrânia, designadamente a chamada Iniciativa de Cereais do Mar Negro. Os planos de expansão das Rotas de Solidariedade UE-Ucrânia e o reforço de sanções à Rússia foram igualmente referidos.
“O cansaço sobre a Ucrânia”
Este domingo fica marcado pela notícia, avançada pelo diário The Washington Post, de que a diplomacia norte-americana terá apelado, em privado, ao Governo de Kiev para que mantenha em aberto a possibilidade de negociar um acordo de paz com a Rússia.
Fontes diplomáticas, citadas pelo jornal norte-americano, falam de um “intento calculado”, por parte da Administração Biden, para garantir a Kiev o apoio de governos cujos eleitorados começam a revelar cansaço da guerra e dos seus efeitos económicos e financeiros.
“O cansaço sobre a Ucrânia é uma realidade para alguns dos nossos parceiros”, admitiu responsável norte-americano, a coberto do anonimato.
Ao mesmo tempo, todavia, a Administração democrata transmitiu a Kiev o conhecimento de que nenhuma das ofertas russas de negociação demonstra credibilidade. Isto porque as exigências de Moscovo se traduzem, na prática, numa rendição incondicional.
Os responsáveis norte-americanos questionam-se atualmente, ainda de acordo com o Washington Post, sobre se a Ucrânia tem a intenção de desencadear ofensivas na Crimeia, o que poderia deitar por terra quaisquer esperanças de um acordo de paz.
“Alguns dos países do G7 que pediram uma paz justa e negociada veem um possível ponto de inflexão se as forças ucranianas se aproximarem da Crimeia”, sublinham as fontes do diário.
c/ agências
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