EUA criam observatório para documentar e divulgar crimes de guerra russos

por Lusa

Os Estados Unidos criaram um "observatório", dotado inicialmente com seis milhões de dólares, para "recolher, analisar e partilhar amplamente as provas de crimes de guerra" cometidos pela Rússia na Ucrânia, divulgou esta terça-feira o Departamento de Estado norte-americano.

Esta iniciativa pretende em particular "preservar informação" pública ou dados de satélites comerciais segundo "padrões internacionais", para que possam alimentar qualquer procedimento que vise responsabilizar os responsáveis por "atrocidades", explicou o Departamento de Estado em comunicado.

"Uma plataforma `online` compartilhará a documentação do `observatório de conflitos` com o público, para ajudar a refutar os esforços de desinformação da Rússia", salientou o governo liderado por Joe Biden.

Os Estados Unidos já acusaram formalmente a Rússia de crimes de guerra na Ucrânia, particularmente contra civis, e comprometeram-se a trabalhar para responsabilizar os seus perpetradores.

Joe Biden acusou pessoalmente o Presidente russo, Vladimir Putin, de ser um "criminoso de guerra" e um "carniceiro".

O chefe de Estado norte-americano foi mesmo mais além do que o seu próprio governo ao referir que Moscovo está a cometer um "genocídio" na Ucrânia.

Este programa terá um investimento inicial de seis milhões de dólares (cerca de 5,6 milhões de euros), sendo que o financiamento futuro virá da Iniciativa de Resiliência Democrática Europeia (EDRI).

O `observatório de conflitos` resulta da colaboração da Esri, empresa líder em sistemas de informações geográficas, o Laboratório de Pesquisa Humanitária da Universidade de Yale, a Smithsonian Cultural Rescue Initiative e o PlanetScape Ai.

"O governo dos EUA também contribuiu com imagens comerciais de satélite para estes esforços. Esperamos que outras organizações parceiras internacionais participem à medida que o programa avança. Relatórios e análises estarão disponíveis online através do site ConflictObservatory.org", referiu ainda o Departamento de Estado.

A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 83.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,2 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 3.752 civis morreram e 4.062 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.

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