Kiev afirma que tropas russas preparam nova ofensiva no leste

por RTP

O Estado-Maior da Ucrânia disse esta terça-feira que a Rússia está a reagrupar as suas tropas e a preparar uma ofensiva em Donbass, no leste do país. O Instituto para o Estudo da Guerra sublinha que Slovyansk é o próximo objetivo estratégico dos russos, enquanto a sul se espera o reforço dos ataques na região para tentar fechar o acesso da Ucrânia ao Mar Negro.

"O objetivo é estabelecer o controlo total sobre o território das regiões de Donetsk e Luhansk", refere uma atualização publicada na página do Estado-Maior da Ucrânia na rede social Facebook.
A retirada das tropas russas foi concluída e os militares estão a dirigir-se para a cidade russa de Valuiki, na província de Belgorado, segundo o Estado-Maior.

A atualização refere que é notório "o movimento de colunas de armas e equipamentos militares no território da República da Bielorrússia" e que "grande parte" dos aviões e helicópteros russos foi transferida de aeródromos da Bielorrússia para a Rússia.

O Estado-Maior ucraniano acredita que, nas regiões de Donetsk e Luhansk, os militares russos estão a concentrar esforços para tentar conquistar as cidades de Popasna e Rubizhne, bem como estabelecer o controlo total sobre Mariupol. Outras cidades e localidades nas duas regiões estão sujeitas a bombardeamentos contínuos.

O Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank com sede nos Estados Unidos, sustenta que as tropas russas estão a preparar uma ofensiva contra a cidade oriental de Slovyansk, num esforço para avançar para o leste e ligar-se a outras forças na região de Donbass, de acordo com a última avaliação.

"Os esforços das forças russas que avançam de Izyum para capturar Slovyansk provavelmente serão a próxima batalha crucial da guerra na Ucrânia", lê-se no relatório.

Se não conseguirem tomar Slovyansk, o esforço para capturar as regiões orientais de Donetsk e Luhansk "provavelmente falhará".
Odessa à espera de ataque russo
O coronel Serhii Bratchuk, porta-voz do comando militar da província de Odessa, disse à agência Lusa que as autoridades esperam o reforço dos ataques na região para tentar fechar o acesso da Ucrânia ao Mar Negro.

A retirada da capital, Kiev, e nas zonas perto da fronteira da Bielorrússia nas últimas semanas mostraram que os russos mudaram de tática, aumentando a intensidade no leste do país e nas zonas marítimas.

"Sabemos que os russos pretendem Odessa e, neste contexto, temo-nos sempre preparado", afirmou Serhii Bratchuk, em entrevista à Lusa.

A conquista de Odessa, no sudoeste do país, junto à Roménia, permitiria retirar o acesso ao mar e ao maior porto do país.
"Temos recursos, sabemos que eles querem vir aqui e tem sido a resistência de Mykolaiv [outra grande cidade a leste de Odessa] que os impediu de chegar cá", afirmou Serhii Bratchuk, justificando a necessidade de manter tropas da província apesar dos conflitos no leste e nordeste do país.

"Nunca deixámos de estar em guerra com a Rússia desde 2014 e sabemos que eles querem o Mar Negro só para si".

O Estado-Maior da Ucrânia acusou também as tropas russas de atacarem a cidade de Mykolaiv, no sul, perto da costa do Mar Negro, com bombas de fragmentação proibidas pela convenção de Genebra.

"Habitações civis e instalações médicas, incluindo um hospital infantil, foram atacados pelo inimigo. Há mortos e feridos, incluindo crianças", refere a atualização.

As tropas russas também continuam a bloquear a cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, de acordo com o Estado-Maior.

c/ agências
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