Kiev já recuperou 500 quilómetros de território na região de Kherson, diz Zelensky

por Lusa

A Ucrânia recuperou até agora 500 quilómetros quadrados de território na região de Kherson, como resultado da contraofensiva que tem obrigado as forças russas a recuarem, revelou esta quinta-feira o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Desde 01 de outubro, mais de meio milhar de quilómetros quadrados de território e dezenas de localidades foram libertadas do falso referendo russo, apenas na região de Kherson", destacou o chefe de Estado ucraniano no seu habitual discurso noturno diário.

O Presidente ucraniano também destacou os "sucessos" alcançados no leste do país, enquanto referiu que acredita que estes se irão estender à região de Zaporijia.

"Chegará o dia em que falaremos também da libertação da Crimeia", acrescentou.

No seu discurso divulgado na rede social Telegram, Zelensky também abordou as alegações do Irão de que não existem `drones` de fabrico iraniano na Ucrânia.

Zelensky referiu, no entanto, que as "pessoas os veem no céu".

"Nós derrubamo-los. Mas eles dizem-nos que não há `drones` iranianos na Ucrânia. Bem, vamos encontrar maneiras de garantir que não haja mais nenhum", frisou.

Depois de ter recebido armamento ocidental, as tropas ucranianas iniciaram uma contraofensiva no final de agosto, que lhes permitiu recuperar algumas das zonas sob controlo de Moscovo.

O exército ucraniano já recuperou a maior parte da região de Kharkiv, no nordeste, e está agora na ofensiva no leste do país, onde recentemente recapturou o nó ferroviário de Lyman, e no sul, onde tem como objetivo capturar a cidade de Kherson.

Kherson é uma das quatro regiões ucranianas que a Rússia anexou no final de setembro, no âmbito da sua invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro deste ano.

Além de Kherson, foram anexadas pela Rússia as regiões de Donetsk, Lugansk e Zaporijia, onde se situa a maior central nuclear da Europa.

O exército de Moscovo disse hoje, no seu relatório diário, que "o inimigo foi afastado da linha de defesa das tropas russas" na região de Kherson.

Segundo Moscovo, as forças ucranianas destacaram quatro batalhões táticos para esta frente e "fizeram várias tentativas para romper as defesas russas" perto de Dudchany, Sukhanove, Sadok e Bruskinskoye.

As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato de forma independente.

A polícia de Kharkiv divulgou esta quinta-feira que as autoridades ucranianas exumaram mais de 530 corpos de civis em territórios reconquistados às forças russas no nordeste do país desde o início da contraofensiva das suas Forças Armadas.

As autoridades ucranianas dizem também ter encontrado dezenas de alegadas câmaras de tortura e centros de detenção onde os prisioneiros foram mantidos em condições desumanas.

A Polícia Nacional da Ucrânia disse, na quarta-feira, que está a investigar 928 alegados crimes de guerra cometidos por forças russas durante a sua ocupação da região de Kharkiv.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.114 civis mortos e 9.132 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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