A Rússia concordou hoje em manter durante seis meses a entrega de ajuda humanitária da Turquia às zonas rebeldes do noroeste da Síria, e não durante um ano como pretendiam diversos membros da ONU, incluindo o secretário-geral.
Rússia propõe manter por seis meses envio de ajuda humanitária a zona rebelde
A Rússia propôs emendas a um projeto de resolução apresentado pela Irlanda e Noruega e reduziu o período para as entregas. Apelou ainda para o aumento dos esforços que garantam entregas de ajuda humanitária "completas, seguras e sem restrições" ao longo das linhas de conflito na Síria, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).
Em julho de 2020, a China e a Rússia vetaram uma resolução da ONU que mantinha dois pontos de passagem a partir da Turquia para a entrega de ajuda humanitária a Idlib. Alguns dias depois, o Conselho de Segurança (CS) autorizou a entrega de ajuda apenas através de Bab al-Hawa, um dos pontos de passagem. Esse mandato de um ano foi prolongado por um ano em 09 de julho, e expira esta semana.
O Conselho de Segurança da ONU deve votar na quinta-feira uma resolução destinada a prosseguir a entrega de ajuda através dos pontos de passagem, e quando diversos membros do CS, o secretário-geral da ONU António Guterres e mais de 20 organizações não governamentais (ONG) pretendiam que o mandato fosse prolongado até ao verão de 2023.
Idlib, no noroeste da Síria, é o último bastião rebelde e o Hayat Tahrir al-Sham, com ligações à Al-Qaida, permanece o mais poderoso grupo insurgente na região.
Na semana passada, a ONU disse que os primeiros dez anos da guerra na Síria, iniciada em 2011, provocaram mais de 300.000 mortos civis, a estimativa mais elevada até ao momento sobre baixas entre a população.
Numa carta enviada hoje aos embaixadores do CS e divulgada pela AP, o antigo procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo, indicou que, ao aprovarem as entregas transfronteiriças em direção ao noroeste da Síria, os membros do Conselho "poderão estar a apoiar uma organização terrorista designada pela ONU".
Ocampo acrescentou que qualquer apoio "a uma organização terrorista, incluindo assistência humanitária", está proibida por anteriores resoluções do Conselho de Segurança da ONU.