Estudo defende valorização e salvaguarda do património industrial móvel

por Lusa

Porto, 13 dez (Lusa) - Um estudo da investigadora Maria da Luz Sampaio, que procura apontar caminhos metodológicos para o conhecimento, valorização e salvaguarda do património industrial móvel, vai ser lançado na sexta-feira, no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.

"Da Fábrica ao Museu. Identificação, Patrimonialização e Difusão da Cultura Técnico-industrial" é o título do livro publicado na coleção "Estudos de Museus", resultado de uma parceria entre a Direção-Geral do Património Cultural e a editora Caleidoscópio.

"O património industrial móvel é aquele que mais facilmente é fragmentado, vandalizado, vendido ou mesmo abandonado no interior dos edifícios industriais", de acordo com a investigação de Maria da Luz Sampaio.

O estudo, que será lançado no museu às 18:30, sublinha a importância de um património que testemunha técnicas desaparecidas, objetos processos de trabalho, usos e memórias.

Maria da Luz Sampaio destaca documentos que "permitem compreender os contextos industriais do mundo do trabalho e das transformações sociais".

A investigadora chama a atenção para a necessidade da defesa dos objetos que constituem património imóvel, e que são muitas vezes retirados do seu contexto, esquecidos e transformados em sucata, "privando os edifícios de serem lidos dentro de uma lógica funcional".

Quando são esvaziados, os edifícios históricos "perdem os seus referenciais técnicos e tornam-se comuns armazéns industriais, prontos para serem reutilizados ou transfigurados", alerta, no documento.

O património industrial móvel reúne acervos compostos por maquinaria, utensílios, instrumentos de precisão, peças de reposição, manuais, catálogos e revistas técnicas, em particular as coleções técnico-industriais.

O livro pretende também responder a um conjunto de questões sobre o papel da cultura técnico-industrial nas sociedades pós-modernas, nomeadamente o que se pode aprender a partir destes objetos nos museus, e que metodologias são possíveis de utilizar para valorizar esta cultura material.

Maria da Luz Sampaio é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), pós-graduada em Museologia Social pela Universidade Lusófona, mestre em Estudos Locais e Regionais pela FLUP, doutorada em História e Filosofia da Ciência, na especialidade de Museologia pela Universidade de Évora.

Em 1992, participou no projeto de investigação do Inventário do Património Industrial da Cidade do Porto e, em 1996, no programa museológico e na abertura do Museu da Ciência e Indústria do Porto.

De 2000 a 2011, assumiu funções de diretora do Museu da Indústria do Porto, responsável pela gestão de coleções, programação e serviços educativos.

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