Governo etíope lança ofensiva sobre capital do Tigray

por Lusa
Refugiados etíopes no campo de Fashaga em Kassala, Sudão. Mohamed Nureldin Abdallah - Reuters

As forças militares da Etiópia começaram hoje a bombardear a cidade de Mekele, a capital regional de Tigray, anulando os esforços de mediação do conflito, de acordo com a estação de televisão local, citada pela AP.

A Tigray TV anunciou o início dos bombardeamentos na cidade de Mekele, com cerca de 500 mil pessoas, havendo relatos na cidade a confirmar o início da ofensiva lançada depois de um ultimato de 72 horas dado pelo Governo etíope, não havendo ainda confirmação oficial do ataque.

O Governo da Etiópia tinha alertado os residentes de Mekele de que não haveria misericórdia se não se afastassem dos líderes da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLS, na sigla em inglês) a tempo.

As comunicações continuam largamente inoperacionais na região de seis milhões de habitantes, o que torna difícil verificar as alegações dos dois lados sobre o conflito entre o Governo da Etiópia e a TPLF, que chegou a liderar a coligação de poder, mas que foi afastada pelo novo primeiro-ministro, Abiy Ahmed.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou em 04 de novembro uma operação militar na região de Tigray (norte do país), após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da TPLF do Tigray.

Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades.

Mais de 40 mil pessoas abandonaram a região em direção ao Sudão e quase 100.000 refugiados eritreus em campos no norte de Tigray ficaram expostos às linhas de fogo.

Organismos independentes relataram o massacre de pelo menos 600 civis.

A comunidade internacional, incluindo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a União Europeia, tem manifestado grande preocupação com o conflito e o seu impacto humanitário, enquanto insiste nos apelos ao diálogo.

Abiy Ahmed, prémio Nobel da Paz no ano passado, tem rejeitado o que apelida de "quaisquer atos de ingerência indesejados e ilegais", afirmando que o seu país irá lidar com o conflito sozinho.

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