Taiwan avisa que eventual incursão aérea da China será vista como "primeiro ataque"

por RTP
Chiu Kuo-cheng já avisou que Taiwan não admite que aviões chineses entrem no seu espaço aéreo Ann Wang - Reuters

Uma incursão de aviões militares chineses no espaço aéreo de Taiwan seria considerada "um primeiro ataque contra o país", disse o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, informou a agência de notícias CNA. Numa altura em que a ilha tenta intensificar a sua Defesa em resposta à pressão militar de Pequim, as autoridades avisam que caças ou drones chineses que invadam o espaço aéreo territorial do Estado insular não serão tolerados.

O ministro fez esta observação na quarta-feira, durante uma reunião do Comité de Defesa Nacional da Câmara Legislativa da ilha, depois de se ter confirmado que aviões chineses tinham sobrevoado a região.

"A defesa nacional é uma linha vermelha para Taiwan", disse, avisando que seriam tomadas "contramedidas" se a linha for atravessada.

O ministro não especificou, no entanto, de que forma Taipei iria responder se as aeronaves do Exército de Libertação Popular violassem o limite territorial, definido como 12 milhas náuticas (22,2 quilómetros) da costa da ilha. Aeronaves militares chinesas têm cruzado, repetidamente, a chamada linha média no Estreito de Taiwan desde agosto.

“No passado, dissemos que não seríamos os primeiros a atacar, o que significa que não íamos disparar o primeiro tiro sem [que a China] disparasse projéteis de artilharia ou mísseis primeiro”, recordou ainda Chiu Kuo-cheng.

Mas visto que “a China usou meios como drones”, o Governo de Taiwan vai ajustar e considerar “qualquer passagem de forças aéreas [no espaço aéreo territorial de Taiwan] como um primeiro ataque”, salientou Chiu.

Questionado pela imprensa local, em conferência de imprensa, Chiu deixou claro que um "primeiro ataque" não significa necessariamente um lançamento de míssil, mas a invasão do espaço aéreo de Taiwan sim, “definitivamente”.
“Não vamos provocar um conflito”
Já no início deste ano, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse que as forças de Taipei iram tomar as “medidas necessárias conforme fosse necessário” contra o que denominou de táticas de guerra da zona cinzenta chinesa, incluindo “assédio por drones”.

“Não vamos dar à China o pretexto para criar um conflito”, disse na altura. “Não vamos provocar disputas e seremos contidos, mas isso não significa que não iremos contra-atacar”.

Pequim respondeu à visita em agosto à ilha pela líder da Câmara dos Representantes do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, com manobras militares que incluíram fogo real, com aviões chineses a atravessarem a linha média do Estreito de Taiwan, que na prática tinha sido uma fronteira não oficial tacitamente respeitada por Taipé e Pequim nas últimas décadas.

Mas agora Chiu acusou Pequim de "quebrar" este acordo, de estar a mudar o “status quo” e a “estabelecendo um novo normal” – declarações que agravam as tensões com a China depois de Joe Biden ter afirmado, recentemente, que os Estados Unidos defenderiam Taiwan se os militares chineses invadissem a região.

A China insiste em "reunificar" a República Popular com a ilha, que tem sido governada de forma autónoma desde que os nacionalistas recuaram para aquele território em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas, e continuaram com o regime da República da China, culminando com a transição para a democracia nos anos 90.

Taiwan fica a menos de 177 quilómetros da costa da China e nos últimos 70 anos, os dois lados têm sido governados separadamente, mas isso não impediu o Partido Comunista da China de reivindicar a ilha, apesar de nunca tê-la controlado.

Para o líder chinês Xi Jinping , a “reunificação” entre China e Taiwan é inevitável e recusa-se a descartar o uso de força militar para o conseguir.

c/ agências
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