Fernando Rosas: "O PCP ainda não matou o pai"

por Maria Flor Pedroso

"O PCP ainda não matou o pai. E o pai é a União Soviética", afirmou Fernando Rosas em entrevista à Antena 1. Disse ainda que o Partido Comunista "é um partido com tiques de sectarismo e de exclusivismo na vida política que, espero, com o tempo passem".

O militante do Bloco de Esquerda (BE) disse ainda não ter a certeza de que esta experiência de governação sirva "para o partido se abrir. Tem de se abrir à colaboração à esquerda, sem ter medo". Questionado sobre se isso não está a acontecer agora, o historiador parece cético "vamos ver, a experiência ainda está a decorrer".

Fernando Rosas, professor agora jubilado, historiador, militou no PCP até à década de 60, foi um dos fundadores do MRPP em 70 e foi também um dos fundadores do BE em 99.

Em entrevista à jornalista da Antena1, Maria Flor Pedroso, numa perspetiva absolutamente individual, sobre a atual situação do MRPP, partido que ajudou a fundar antes do 25 de abril de 1974, Rosas lamenta a atual situação, ao afirmar que "é uma seita exotérica, e por respeito pelo meu passado, não abundarei sobre aquilo que penso sobre a tristíssima figura que os restos do MRPP estão a fazer".

Marcelo banaliza a presidência

Sobre Marcelo Presidente, Fernando Rosas que foi candidato presidencial em 2001, apoiado pelo BE, foi contundente, "o Presidente da República desmultiplica-se em declarações, gestos, opiniões e visitas que banalizam a magistratura presidencial (...) que devia ser reservada para a intervenção em momentos críticos". E remata dizendo que "a presidência está a tender duplicar o Governo".

Europa é ameaça ao Governo

Sobre a governação Fernando Rosas considera que os problemas desta solução política vão vir de fora, até porque "esta Europa está a conspirar ativamente contra a solução portuguesa até porque é a única neste momento e eles têm medo que passe para a Espanha".

Identifica ingerência da Europa e questionado sobre se o Governo dura até ao fim da legislatura Rosas diz que "para chegar ao fim o PS vai ter de se aguentar à bronca" na Europa. Mas está confiante nisso porque a moção que Costa leva ao Congresso é muito crítica em relação à Europa.

Um dos fundadores do Bloco considera que "é mesmo pela Europa que as coisas podem não correr bem (para a sustentabilidade deste Governo), tudo depende da pressão que eles façam e da forma como o governo reagir. Acho que até agora não se tem aguentado mal".

 

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