Acordo de defesa AUKUS foi "chamada de atenção" para UE

por Lusa
Reuters

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) considerou hoje que o acordo de defesa entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido como "uma chamada de atenção" para Bruxelas sobre as relações com Washington, defendendo "um diálogo estratégico".

"A parceria transatlântica é vital e é substituível, mas precisamos de a colocar numa posição mais forte e o acordo AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo-saxónicos)foi uma chamada de atenção", declarou Josep Borrell, intervindo num debate sobre as relações UE-EUA na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

Anunciando que viajará na próxima semana para Washington para se voltar a reunir com Antony Blinken, secretário de estado dos EUA responsável pela área da segurança que está agora em Paris, o Alto Representante da UE para a política externa referiu que "os Estados Unidos continuam a ser o parceiro estratégico mais próximo e mais importante da UE".

"É assim e tem de continuar a ser assim, não deve haver dúvidas quanto a isso", salientou.

Ainda assim, Josep Borrell admitiu que "há mudanças na sociedade americana, que têm vindo a ocorrer há muitos anos, e isso irá certamente afetar o papel dos EUA e do mundo".

"E depois do Afeganistão, os Estados Unidos têm vindo a enviar uma mensagem clara sobre como querem reordenar e sobre quais são as prioridades, [que são] enfrentar a China, principalmente, e nós devemos estar prontos para nos adaptarmos a esta nova situação e assumir a nossa parte do fardo de salvaguardar a paz e segurança no mundo", elencou o chefe da diplomacia da UE.

E argumentou: "Temos de ter uma relação direta, complementar [à NATO] e um diálogo estratégico EUA-UE".

O alto responsável pela diplomacia europeia disse ainda que Washginton e Bruxelas já concordaram "na necessidade de pôr em prática um sistema para evitar problemas", nomeadamente por "não estarem dispostos a recomeçar uma nova guerra fria com a China".

A posição de hoje surge depois de, em meados de setembro, os Estados Unidos, a Austrália e o Reino Unido terem anunciado um pacto de defesa para enfrentar a China na região Indo-Pacífico, o AUKUS, que visa reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas como a inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.

Na altura, a UE admitiu ter ficado surpreendida com o anúncio de tal aliança de defesa, dado não ter sido consultada nem ouvida durante o processo.

No bloco comunitário, o primeiro alto responsável a reagir ao AUKUS foi o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, que lamentou que a UE "não tenha sido informada e não esteja a par do que este acordo significa", rejeitando porém "dramatizar" a situação.

Por seu lado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou como "inaceitável" o tratamento dado a França e vincou que a UE quer "saber o porquê", enquanto o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, denunciou a "falta de lealdade" e de "transparência" dos Estados Unidos.

 

 

Tópicos
pub