Guaidó proclama-se presidente da Venezuela

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Manaure Quintero, Reuters

Com as ruas de Caracas marcadas pela confrontação, o presidente do parlamento autoproclamou-se chefe do Estado, na sequência do não reconhecimento da eleição de Nicolás Maduro e da tentativa de golpe de Estado denunciada há dois dias.

Contra e a favor do presidente Maduro. As ruas de Caracas e de outras cidades do país vivem momentos agitados com as manifestações que visam directamente ao Palácio de Miraflores, sede do governo de Nicolás Maduro. O último balanço aponta para a existência de quatro mortos nos protestos desta quarta-feira, dois dias depois de um golpe militar ter sido anulado no país.

Na data que comemora os 60 anos da queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, a 23 de Janeiro de 1958, foram marcadas manifestações para esta quarta-feira em ambos os lados da barricada: pelos movimentos contra o governo de Nicolás Maduro e também por aqueles que apoiam o presidente.

A liderar o movimento de oposição está Juan Guaidó, o jovem presidente do Parlamento da Venezuela a quem Donald Trump ofereceu o seu apoio caso se declarasse o líder do país, o que acontece agora. Guaidó procura congregar toda a oposição numa causa única, reunindo apoio para impor de imediato um “governo de transição” até à organização de novas eleições.

Os protestos da oposição também estão com o presidente da Assembleia Nacional, agora auto-proclamado chefe de Estado da Venezuela: “Nós juntámo-nos para exigir que Guaidó seja proclamado presidente. Não queremos mais Maduro, que é um usurpador. Estamos aqui para que seja restabelecida a democracia”, defendeu um professor, num dos ajuntamentos em Caracas, em declarações recolhidas pela France Presse.

Durante a noite foi queimada uma estátua do antigo presidente Hugo Chávez em San Félix, também no Estado de Bolívar, e com o nascer do dia opositores e apoiantes de Maduro começaram a convergir em locais distintos da capital e de outas cidades venezuelanas.

Com Nicolás Maduro saído de uma reeleição muito contestada interna e externamente, a 10 de Janeiro, os seus apoiantes pretendem assegurar condições para que leve por diante este segundo mandato.

Na antecâmara das movimentações populares esteve há dois dias uma tentativa de golpe de Estado que acabou por ser reprimida pelo exército.

Num primeiro balanço, confirmado pela polícia e pelo Observatório de Conflitos Sociais, um jovem de 16 anos morreu num ajuntamento no bairro popular de Catia, na zona Ocidental da capital, Caracas. Foi também assinalada a morte de outras três pessoas durante as pilhagens que ocorreram no Estado de Bolívar, Sul do país.
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