Alterações climáticas já se sentem em centenas de cidades mas falta ação

por RTP
Kevin Coombs/Reuters

Os efeitos das alterações climáticas são uma ameaça para o futuro, mas uma investigação britânica revelou esta terça-feira que centenas de cidades em todo o mundo já os estão a sentir. Os investigadores alertam, no entanto, para a falta de medidas em grande parte das cidades.

Em Portugal, os centros urbanos como Lisboa, Porto, Braga, Cascais e Guimarães são algumas da cidades apontadas no estudo "Cidades em Risco", da organização não governamental Carbon Disclosure Project (CDP).

Segundo o relatório, baseado em dados relativos a 620 cidades de todo o mundo, a maioria das cidades (530 das analisadas no estudo) admite que já tem problemas relacionados com as alterações climáticas. A CDP alerta, contudo, para o facto de apenas metade destas cidades estar a implementar medidas para travar os fenómenos causados pelas alterações climáticas.
Portugal. "Estamos atrasados"
A associação ambientalista portuguesa Zero disse, reagindo às conclusões desta investigação, que em Portugal, os municípios estão “atrasados" e que devem começar a agir.

"Estamos atrasados e quanto mais tempo demorarmos, mais caro nos irá sair", adverte Francisco Ferreira da Zero.

Mais vale agir no imediato contra as alterações climáticas, do que andar a correr atrás do prejuízo, segundo o ambientalista.

Os custos são inevitáveis, mas é possível minimizá-los. Por isso, e considerando os dados revelados nesta investigação internacional, a organização considera que tem de haver mais rapidez na implementação de medidas para combater as alterações climáticas.
Inundações, calor extremo e seca
Inundações, calor extremo e seca são os principais efeitos identificados. A estes efeitos, o estudo associa os riscos para a sociedade, como o aumento das dificuldades para populações vulneráveis, aumento da procura de serviços públicos, como a saúde, e aumento dos casos de doenças.

Apenas 336 das cidades, ou seja 54 por cento, estão a avaliar as possivies vulnerabilidades e a calcular a capacidade de resposta e adaptação aos riscos.

As cidades que estão a avaliar as suas vulnerabilidades têm duas vezes mais hipóteses de identificar riscos de longo prazo e quase seis vezes mais possibilidade de executar ações de adaptação, asseguram os investigadores.

Ações como a defesa contra inundações e a gestão de crises, incluindo sistemas de alerta e de evacuação, são algumas das medidas que as cidades já implementam, embora 46 por cento das cidades não estejam a tomar qualquer medida, incluindo 41 por cento das cidades que dizem que já sentem os efeitos das alterações climáticas.

Até 2050, oito vezes mais moradores das cidades estarão expostos a altas temperaturas e mais de 800 milhões de pessoas podem estar em risco devido à subida das marés e a tempestades.

A verdade é que em todo o mundo se vê a rápida urbanização e, nos próximos 30 anos cerca de 70 milhões de pessoas, a cada ano, poderão mudar-se para áreas urbanas. E, assim, até 2050 dois terços da população do mundo viverão em cidades.

Essas cidades vão sofrer com o impacto das alterações climáticas, alerta o relatório, por isso "o primeiro passo para fazer face aos riscos é medi-los".

C/ Lusa
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