Amnistia denuncia ação do Governo egípcio contra defensores dos direitos humanos

por Lusa

A Amnistia Internacional (AI) alertou hoje que as autoridades egípcias intensificaram as ações contra os defensores dos direitos humanos e denunciou a inclusão de ativistas e políticos numa lista de terroristas.

O diretor de pesquisa da AI para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther, disse num comunicado que as últimas detenções de membros da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais e a classificação de ativistas como "terroristas" ilustram como é "profunda e catastrófica a crise dos direitos humanos no Egito".

A Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais anunciou hoje que o seu diretor-executivo, Yaser Abdel Razek, foi tratado "de forma cruel e desumana na prisão", depois de ter sido detido em 19 de novembro, na mesma semana em que dois outros membros de organizações não-governamentais foram encarcerados após se reunirem com embaixadores credenciados no Egito.

Ao mesmo tempo, as autoridades judiciais adicionaram esta semana o defensor dos direitos humanos Mohamed al Baqer à "lista de terroristas" por um período de cinco anos, juntamente com o proeminente ativista Alaa Abdelfatah e outros políticos da oposição, sem acusação formulada e sem lhes ter sido dada oportunidade de defesa, segundo a AI.

A lista inclui centenas de ativistas políticos e opositores do regime, nomeadamente o grupo islâmico Irmandade Muçulmana, que governou o Egito entre 2012 e 213 e que foi declarado terrorista após o golpe liderado pelo atual presidente, Abdelfatah al Sisi.

"As autoridades egípcias usam regularmente acusações infundadas relacionadas com `terrorismo` para deter defensores dos direitos humanos e submetê-los a medidas punitivas sem julgamento", acrescentou o comunicado da organização internacional.

Vários embaixadores credenciados no Egito e organizações internacionais, incluindo a ONU e a União Europeia, também expressaram a sua preocupação e condenação pela detenção dos três membros de uma das organizações de direitos humanos mais importantes do país.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito respondeu às críticas, considerando as denúncias como "tentativas de influenciar as investigações" contra esses três cidadãos, acusados de ingressarem numa "organização terrorista".

Tópicos
pub