Guerra da Bósnia. General Ratko Mladic condenado a perpétua

por RTP
Ratko Mladic condenado a prisão perpétua Peter DeJong - EPA

Ratko Mladic foi esta quarta-feira condenado a prisão perpétua. O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia considerou o antigo líder militar dos sérvios da Bósnia culpado em dez das 11 acusações de crimes de guerra e contra a humanidade - incluindo genocídio - que lhe eram imputadas.

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia condenou Ratko Mladic, ex-chefe militar sérvio bósnio, a prisão perpétua, apesar de permanecerem profundas divisões nos Balcãs sobre o seu legado para esta região da Europa.

Designado pelos seus críticos e familiares das vítimas de "carniceiro dos Balcãs", Mladic foi condenado por dez crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo o assalto das suas tropas ao enclave muçulmano bósnio de Srebrenica, que provocou sete mil mortos, e o cerco à capital Sarajevo.



O julgamento de Mladic é o último grande caso desta instância judicial ad hoc das Nações Unidas instalada na Haia, Holanda, e vocacionada para indiciar e condenar os principais responsáveis das guerras interétnicas que destruíram a ex-Jugoslávia entre 1991 e 1999 - Croácia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo.

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, sobre o qual cairá o pano no final de dezembro, definiu como principal missão "evitar futuros crimes e prestar justiça às milhares de vítimas e suas famílias, contribuindo assim para uma paz duradoura" nos Balcãs.
Defesa recorre

Dragan Ivetic, o advogado de defesa do antigo chefe militar sérvio-bósnio já fez saber que vai recorrer da condenação. "É certo que vamos apresentar um recurso e que o recurso terá êxito", afirmou, em declarações citadas pela Associated Press.

O advogado argumentou que Ratko Mladic foi privado dos "Direitos Humanos básicos", ao ser impedido de recorrer a médicos por si designados.

Por sua vez, o filho do antigo general, Darko Mladic, classificou o julgamento como "propaganda de guerra". "Esta pena é injusta e contrária aos factos e nós iremos combatê-la em recurso para provar que este julgamento é falso", reagiu.
O processo de Karadzic
Condenado em março de 2016 por participação direta em genocídios na Guerra da Bósnia (1992-95), Radovan Karadzic, outra das figuras de proa julgadas no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, foi também um líder que despertou amor e ódio. Entre alguns sérvios da Bósnia-Herzegovina, ainda hoje é considerado um herói e defensor do seu povo.

Ratko Mladic ao lado de Radovan Karadzic em novembro de 1994. Foto: Reuters

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia condenou-o em 2016 a 40 anos de prisão por conta do genocídio de Srebrenica e por outros nove crimes de guerra.

Karadzic foi a mais alta figura política a enfrentar a barra do tribunal, sendo o seu julgamento considerado um dos mais importantes desde a II Guerra Mundial.

O julgamento durou oito anos, com o réu a negar todas as acusações, alegando que quaisquer atrocidades cometidas foram ações individuais e não orquestradas por um comando superior.

c/ agências internacionais
Tópicos
pub