Antigos diplomatas da administração Trump percorrem locais bíblicos para documentário

por RTP
Friedman justifica o roteiro escolhido, com o argumento de que muitos episódios bíblicos ocorreram em Jerusalém (na foto), Judeia e Samaria Ammar Awad/ Reuters

O antigo secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo e o ex-embaixador dos Estados Unidos em Israel David Friedman protagonizam um documentário, que visita os locais referidos na Bíblia, percorrendo a auto-estrada 60, da Cisjordânia até Israel, de Nazaré até Berseba.

A ideia é educar. Em todos os lugares ao longo do caminho, explicamos o que aconteceu – desde o nascimento de Jesus até ao enterro de Raquel junto da estrada”, explica o antigo embaixador, admitindo sentir uma “emoção profunda” em todos os lugares por onde passaram.

O percurso do documentário – com produção do diretor da Trinity Broadcast Network e que será exibido na rede de rádios e televisões cristãs americanas - parte em Nazaré e termina em Berseba, ambas em Israel. Também inclui incursões à Judeia, Samaria ou à Área C da Cisjordânia.

O coração bíblico de Israel está na Judeia e Samaria. É por isso que achamos que fazia sentido fazê-lo em referência a uma estrada. Foi uma maneira interessante de mostrar que [a Rota 60] é a espinha dorsal do Israel bíblico”, explica Friedman, a partir do seu apartamento em Jerusalém.

Enquanto passámos por estes locais, pensámos na altura em que havia peregrinações a Jerusalém durante um período superior a mil anos”, conta o antigo diplomata. “Tentámos viajar no tempo e pensar na antiga vida da nação judaica”, acrescentou, em entrevista ao jornal The Jerusalem Post.

Pompeo e Friedman querem “desafiar os espectadores”, cristãos e judeus, a imaginarem como seria a vida há dois mil anos nos locais “onde a Bíblia aconteceu” e “ainda está ali”.

De resto, sublinha Friedman, o importante é “experienciar [a Bíblia] da forma como foi experienciada há milhares de anos”. No entanto, nem Friedman, nem Pompeo, viajaram como Maria e José ou os antigos peregrinos, tendo-se antes deslocado de helicóptero e encontrando as equipas já prontas nos locais de filmagem.

Alguns dos locais - como o altar de Josué - foram uma primeira visita para Friedman, outros – como a cidade palestiniana de Hebron – foram um regresso, apesar de nunca lá ter ido como embaixador.

Os dois antigos diplomatas da administração Trump contribuíram para a mudança do território que agora revisitam ao implementar a “Doutrina Pompeo”. Esta dita que os colonatos na Cisjordânia não são inconsistentes com a lei internacional e reconhece raízes históricas e religiosas judaicas à área habitada maioritariamente por população árabe.

Friedman sublinha que o documentário não tem subjacentes intenções políticas, nem aborda o conflito israelo-palestiniano.

Não é segredo nenhum o que sinto sobre esses lugares (…) Mas não preciso [de impor] os meus pontos de vista a mais ninguém... Tive muito cuidado para não transformar isto numa panfleto”, avisa.

Notando que muitas cidades dos Estados Unidos se chamam Hebron ou Shiloh, Friedman acrescenta que quis dar a conhecer as cidades originais com esta designação. “Quero que [as pessoas] entendam que muitos dos valores que prezamos hoje vêm da Bíblia e desses lugares. Estas não são apenas cidades ao longo do caminho”, conclui.
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