Após uma década EUA têm novo embaixador na Venezuela

por RTP
Julia Symmes Cobb - Reuters

Desde 2010, quando aumentaram as tensões entre Washington e Caracas, que os Estados Unidos não tinham um embaixador na Venezuela. Dez anos depois, James Story foi nomeado para o cargo e confirmado pelo Senado norte-americano.

As relações diplomáticas entre a Venezuela e os Estados Unidos estão em crise desde o governo do falecido Hugo Chávez, mas as tensões aumentaram durante a Administração norte-americana de Barack Obama. Por isso, há dez anos que não eram nomeados embaixadores entre as duas nações.

Apesar de os EUA não terem diplomatas na sua embaixada em Caracas, a nomeação de James Story para embaixador norte-americano na Venezuela foi confirmada na quarta-feira por uma votação verbal no Senado.

Natural da Carolina do Sul, o novo embaixador vai desempenhar as suas funções na capital da Colômbia, enquanto não é alcançada a solução para a crise económica e política na Venezuela.

Story, de 50 anos, cresceu na pequena cidade de Moncks Corner, na Carolina do Sul, e licenciou-se em Estudos Interdisciplinares pela University of South Carolina, posteriormente fez um mestrado em Serviço Internacional pela Universidade de Georgetown e aprendeu a falar português e espanhol.

James "Jimmy" Story, como é conhecido o novo embaixador dos Estados Unidos na Venezuela, já tinha sido diplomata na Embaixada dos Estados Unidos em Caracas, até à suspensão temporária das operações e à retirada do pessoal diplomático devido a questões de segurança. Com uma já vasta carreira diplomática, Story já representou os Estados Unidos no Brasil, como cônsul-geral no Rio de Janeiro, no Afeganistão e em Moçambique.

Apesar de trabalhar a partir de fora da Venezuela, Story mantém uma videoconferência semanal de 30 minutos no Facebook Live, tentando manter as relações com milhões de venezuelanos que continuam no país ou com aqueles que fugiram, respondendo a perguntas sobre as tensões na Venezuela em espanhol fluente e aos poucos cidadãos norte-americanos que ainda estão no país.

Espera-se que Story desempenhe um papel fundamental para ajudar a orientar e a encontrar uma solução política, principalmente entre os EUA e a Venezuela, durante a transição do presidente eleito Joe Biden. A vitória do democrata gerou controvérsia entre aqueles que apoiam a abordagem de Donald Trump em isolar o seu homólogo venezuelano Nicolas Maduro e em impor sanções à Venezuela.

Recorde-se que os dois países romperam as suas relações diplomáticas de forma mais definitiva em 2019, quando Trump reconheceu Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela e os EUA transferiram os diplomatas e todos os funcionários da Embaixada dos Estados Unidos em Caracas para Bogotá, capital da Colômbia.

Ainda antes das eleições presidenciais norte-americanas, no início deste mês, Story terá dito, segundo a imprensa norte-americana, que a relação bipartidária entre Washington e Caracas não ia mudar, quer fosse reeleito Donald Trump ou ganhasse Joe Biden.

O nome de James Story já tinha sido proposto em maio deste ano pelo ainda presidente Donald Trump, mas a sua nomeação só foi confirmada esta semana após uma votação do Senado e embora seja o primeiro embaixador norte-americano na Venezuela nos últimos dez anos, vai continuar a exercer as funções diplomáticas a partir da Colômbia.

A nomeação de Story foi saudada pelo Governo interino da Venezuela, atarvés do seu embaixador nos Estados Unidos, Carlos Vecchio: "Parabéns a um grande amigo da Venezuela. Vamos continuar nesta luta juntos", escreveu no Twitter.

Durante a Administração Trump aumentaram as tensões entre os dois países, com os EUA a endurecerem a pressão económica e política sobre o regime de Nicolás Maduro. Os EUA sancionaram fortemente Maduro, o círculo dos seus próximos e a empresa estatal de petróleo, tentando isolá-los. Trump chegou mesmo a oferecer uma recompensa de 15 milhões de dólares pela prisão de Maduro depois de um tribunal dos EUA o ter indiciado por crimes relacionados com droga.

No entanto, a nomeação de Story já chega com Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos e ainda não se sabe ao certo que políticas o líder democrata adotará quando começar a desempenhar as funções na Casa Branca a 20 de janeiro de 2021.
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