Novo protesto contra Governo de Bouteflika reúne milhares de argelinos

por RTP
Zohra Bensemra, Reuters

É o primeiro protesto desde que o presidente anunciou que irá permanecer no cargo até que haja um sucessor.

A última carta lida em nome de Bouteflika, na terça-feira, causou a indignação dos argelinos. Foi anunciado que o presidente permanecerá no poder até que seja escolhido um sucessor.

Assim que a carta foi lida, começou a circular nas redes sociais a frase: “Sistema, nós conhecemos-te. Vai-te embora”. Os meios de comunicação independentes da Argélia consideram que a decisão tomada pelo presidente é “mais do mesmo”.

Hoje, Argel enfrenta a sua quarta sexta-feira de protestos em massa contra o regime de Bouteflika, presidente de 82 anos, e contra a decisão tomada terça-feira.

Vários estudantes, advogados, jornalistas, cineastas e até juízes pediram a mobilização de argelinos para o protesto desta sexta-feira.

O lema das anteriores manifestações era “Não ao quinto mandato”. No protesto de hoje passou a ser “Não à extensão do quarto mandato”.

Por sua vez, a decisão de Bouteflika foi muito bem recebida pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que publicou no twitter que “a decisão do presidente abre uma nova página para a democracia argelina”. Podia ainda ler-se na publicação: “Estaremos com os argelinos neste novo período, com amizade e respeito”.

As palavras de Macron provocaram raiva entre os manifestantes. No protesto de hoje, foram vários os cartazes que se puderam ler contra as palavras de Macron: “Macron és demasiado pequeno para a Argélia de hoje”. Foi também feita referência ao ano de conquista de Argélia pela França: “Estamos em 2019, não em 1830”.

Face à revolta do povo argelino, Bouteflika prometeu realizar uma conferência encarregue de planear o “período de transição”. Para o liderar nomeou o diplomata Ladjar Brahimi, argelino de 85 anos, residente em Paris, que tem sido intermediário da ONU em vários conflitos internacionais, incluindo no da Síria.

Porém, o povo argelino vê em Brahimi um homem idoso sem qualquer ligação com o estado atual do país ou com a juventude, que sempre afirmou que o presidente argelino estava perfeitamente capaz de governar a Argélia.

O objetivo dos argelinos é muito claro: querem um novo regime com novas caras e novas gerações.
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