Associação Tiniguena denuncia pesca ilegal e destruição de ecossistema na ilha guineense de Caravela

por Lusa

A organização não-governamental guineense Tiniguena denunciou hoje a invasão da ilha de Caravela, no arquipélago dos Bijagós, por pescadores estrangeiros, que estão a fazer pesca ilegal e a destruir o ecossistema.

"O que se constatou no terreno é uma invasão de pescadores estrangeiros do Senegal, da Guiné-Conacri, do Mali e da Serra Leoa, e que se foram instalando progressivamente. Houve um momento, sobretudo em período de reprodução de espécies, onde a presença na ilha chegou a atingir cerca de 2.000 pessoas", denunciou Miguel de Barros, diretor-executivo daquela organização.

Segundo Miguel de Barros, foram identificadas mais de 50 embarcações e duas centenas de pescadores com "atividades em torno da pesca seletiva" de um determinado peixe, que depois é fumado e exportado para os mercados da sub-região.

"Mas além da pesca seletiva, fazem pesca conexa com várias embarcações atreladas, que é uma técnica proibida ao nível da pesca artesanal e industrial devido ao impacto que tem no ecossistema", explicou o sociólogo guineense.

Para Miguel de Barros, o "mais gritante" é que além de violarem todas as normas de pesca artesanal da Zona Económica Exclusiva da Guiné-Bissau, também estão a colocar em causa a manutenção do ecossistema devido à "mobilidade que é utilizada para a fumagem do pescado" e ao tipo de rede utilizada para pescar.

"Ainda põe em causa a vulnerabilidade de uma zona insular com o corte de tarrafe, que deixa a costa desprotegida em relação ao aumento do nível da água no mar e no futuro pode pôr em causa a permanência das comunidades naqueles locais", salientou.

Questionado sobre se as autoridades têm conhecimento da situação, Miguel de Barros explicou que as estruturas públicas "fizeram missões ao terreno".

"Acreditamos que, nesta fase, o mais importante é tornar público que há uma situação impune, de pilhagem, e que é preciso as autoridades públicas, quer de segurança, das pescas e até florestas e de gestão do território agirem em conformidade", sublinhou.

Segundo o sociólogo, o que está a acontecer naquela região é "completamente inaceitável, não só do ponto de vista ecológico, mas, sobretudo, da salvaguarda da integridade do espaço físico guineense".

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