Depois do testemunho da antiga funcionária da Casa Branca Cassidy Hutchinson, que pinta um retrato negro do presidente Trump no dia do ataque ao Capitólio, o comité que investiga os acontecimentos do dia 6 de janeiro revelou que cada vez mais pessoas querem testemunhar, para dar mais detalhes sobre o que aconteceu naquele dia em Washington.
Adam Kinzinger, republicano do Illinois, citou Cassidy Hutchinson ao dizer que Donald Trump queria juntar-se à manifestação que marchou até ao Capitólio e que terminou com uma invasão da que é considerada a casa da democracia norte-americana. Estas afirmações de Hutchinson têm trazido mais pessoas a revelarem detalhes dos quais têm conhecimento.
“Todos os dias temos pessoas que aparecem e dizem: 'Não pensei que este pequeno facto da história que conheço fosse importante', disse Kinzinger. “Vai haver muito mais informação, fiquem atentos”.
O comité tem intensificado as investigações nos últimos meses. Os próximos passos vão ser ouvir testemunhos que podem provar ter havido da parte de Trump negligência e mesmo incitamento de uma multidão a entrar no Capitólio, e depois o falhanço ao tentar reverter a ação dos manifestantes invasores.
No último fim-de-semana, a vice-presidente do comité, a republicana Liz Cheney, avisou que acusações criminais contra o antigo presidente norte-americano podem ser feitas no Departamento de Justiça. Os investigadores têm estudado vários documentários em filme dos últimos meses da Administração Trump, onde se incluem entrevistas do próprio presidente e de membros da família.
No entanto, em entrevista televisiva, Kinzinger recusou-se a revelar que novas informações estão a chegar.
“Há informação que não posso revelar. Para nós, Cassidy Hutchinson realizou o testemunho sob juramento, achamo-la credível e quem achar que não é deve testemunhar também sob juramento e não de forma anónima”.
Adam Schiff, outro membro do comité e democrata da Califórnia, disse também em entrevista: “Estamos a seguir novas provas e penso que estas novas provas vão dar aso a novos testemunhos”.
Cassidy Hutchinson pintou um retrato negro de Trump na altura dos acontecimentos: de um homem zangado, desafiador, que quis que manifestantes armados passassem pela segurança sem serem escrutinados, num comício realizado no dia 6 de janeiro de 2021, como forma de protesto contra a vitória do democrata Joe Biden.
Hutchinson falou de Pat Cipollone e das preocupações que o mesmo tinha sobre as implicações criminais que Donald Trump podia enfrentar caso o antigo presidente se juntasse à manifestação. Para especialistas em matérias de justiça, o testemunho de Hutchinson pode ser problemático para o antigo presidente, com procuradores federais a investigarem potenciais atos ilícitos.
Liz Cheney explicou que o comité ainda estuda se vai ou não pedir acusações criminais ao Departamento da Justiça, avisando que pode “haver mais que uma acusação”.
Por agora, o comité espera a presença de Cipollone na próxima quarta-feira. “Ele [Cipollone] claramente tem informação sobre preocupações com violações criminais, preocupações sobre uma possível ida do presidente ao Capitólio nesse dia, preocupações com o facto de o chefe do staff ter sangue nas suas mãos caso não tenha sido feito o suficiente para parar o ataque violento ao Capitólio”, disse Adam Schiff. “É difícil imaginar alguém que esteja mais no centro dos eventos”.
O comité espera ainda conseguir o testemunho de Virginia Thomas, ativista conservadora e mulher de um juíz do Supremo Tribunal Clarence Thomas, depois de terem sido divulgadas comunicações entre Thomas e Trump nesse dia de 6 de janeiro de 2021.