Atropelamento de Charlotesville. Assassino de manifestante condenado a prisão perpétua

por RTP
Eze Amos, Reuters

James Fields Jr., o activista de extrema-direita que tinha atropelado mortalmente a manifestante antiracista Heather Heyer em Agosto de 2017, foi ontem condenado a prisão perpétua por um tribunal do Estado da Virgínia.

James Fields Jr. tinha lançado o seu automóvel contra um grupo de manifestantes que defendiam a remoção de uma estátua, homenageando um dos mais destacados partidários da escravatura na guerra civil norte-americana.

Dezenas de manifestantes sofreram ferimentos devidos ao atentado e Heather Heyer, uma jurista de 32 anos de idade, conhecida em Charlottesville como defensora de direitos humanos, morreu dos ferimentos.

Fields integrava-se numa outra manifestação, essa de extrema-direita, defendendo que a estátua permanecesse no seu lugar. O presidente Donald Trump foi depois duramente criticado, por ter emitido comentários desculpabilizantes, dizendo que houvera excessos de ambos os lados.

O procurador-geral do Estado da Virgínia, Thomas T. Cullen, justificou a severidade da sentença, segundo citação do New York Times, dizendo que "isto foi calculado, a sangue frio, e foi motivado pela sua [de Fields] arreigada animosidade racial".

O vice-procurador-geral para o departamento de Direitos Civis, Eric S. Dreiband, comentou que Fields "agrediu toda esta comunidade, e agrediu o nosso país mediante um acto desprezível de violência racial".

William P. Barr, o procurador-geral dos EUA recentemente nomeado por Trump, lembrara que os crimes de ódio são crimes de "terrorismo interno" e que, por isso, este caso tinha alta prioridade.

No julgamento, Fields deu-se como culpado perante os 29 items da acusação, incluindo os "actos de terrorismo interno". Os seus advogados de defesa alegaram atenuantes - uma infância difícil e um historial de perturbações mentais - para objectarem à prisão perpétua: "A principal característica da clemência é a de ser aplicada aos que não a merecem", argumentaram.

Mas o júri não teve contemplações e recomendou a prisão para toda a vida. Um juiz deverá ainda confirmar esse veredicto.
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