Aung San Suu Kyi depõe pela primeira vez no seu julgamento em Myanmar

por Lusa
Franck Robichon - Reuters

A ex-dirigente civil de Myanmar Aung San Suu Kyi, em julgamento desde junho após ter sido deposta em fevereiro por um golpe de Estado militar, depôs hoje pela primeira vez em tribunal, indicou uma fonte próxima do caso.

Segundo esta fonte, a prémio Nobel da Paz 1991, de 76 anos e colocada em prisão domiciliária em Naypyidaw na altura do golpe, "prestou ela mesma declarações ao tribunal" da junta militar no poder no país, em resposta às acusações de incitação à perturbação da ordem pública de que é alvo e das quais se declarou inocente em setembro.

Além dessas acusações, Suu Kyi é também perseguida judicialmente por uma série de infrações, como importação ilegal de walkie-talkies, violação das restrições relacionadas com a covid-19, sedição e corrupção, pelas quais poderá ser condenada a dezenas de anos de prisão.

O conteúdo do seu depoimento de hoje "não pode ser revelado" até que o tribunal autentique as suas declarações, precisou a mesma fonte, acrescentando que tal poderá acontecer na próxima semana.

A comunicação social foi proibida de assistir ao julgamento de Aung San Suu Kyi, que decorre à porta fechada num tribunal especial da capital, Naypyidaw.

O principal advogado da ex-líder birmanesa, Khin Maung Zaw, tinha anunciado em meados de outubro que deixara de ter o direito de falar à imprensa, aos diplomatas estrangeiros e às organizações internacionais, publicando na rede social Facebook uma ordem do regime militar nesse sentido.

O golpe militar de 01 de fevereiro pôs fim a um breve parêntesis democrático de uma década no país. Desde então, o exército leva a cabo uma repressão sangrenta dos opositores ao seu regime.

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