Austrália. Surto da variante Delta obriga Brisbane a prolongar o confinamento

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Jaimi Joy - Reuters

Um surto da variante Delta no Estado australiano de Queensland obrigou a capital Brisbane a prolongar o confinamento. O surto atingiu principalmente escolas e hospitais, colocando centenas de profissionais de saúde em isolamento. Enquanto isso, as autoridades de Nova Gales do Sul tentam acelerar a vacinação de forma a atingirem a meta de seis milhões de vacinas administradas até ao final de agosto, data marcada para o fim do confinamento.

Queensland reportou 16 novos casos de contágio local esta terça-feira, o maior aumento diário registado neste Estado australiano em um ano. No total, foram confirmados 47 casos derivados de um surto que atingiu escolas e três grandes hospitais de Brisbane. Na origem do surto estima-se que estejam dois viajantes (um do Reino Unido e outro da Indonésia) que regressaram a Brisbane no final de junho.

O confinamento em Brisbane, a terceira maior cidade da Austrália, estava previsto terminar esta terça-feira, mas foi prolongado até final de domingo. Milhões de habitantes em Queensland permanecem confinados, enquanto oito mil estão em quarentena por terem ligação ao surto. Destes oito mil contam-se centenas de profissionais de saúde.

Jeannette Young, diretora de Saúde de Queensland, disse que os profissionais de saúde em quarentena incluíam todos os cirurgiões cardíacos no Hospital Infantil de Queensland, levando a atrasos nas cirurgias.

Vários alunos das escolas de Queensland e as suas famílias, incluindo a do ministro da Defesa da Austrália, Petter Dutton, foram também colocados em quarentena.

Em Sidney, os soldados começaram a patrulhar as ruas para reforçar o cumprimento das regras. A capital de Nova Gales do Sul está em confinamento até 29 de agosto de forma a conter o aumento de casos da variante Delta.

Mais 199 infeções foram registadas em Sidney nas últimas 24 horas, depois de ter sido registado um aumento recorde em mais de um ano no número de casos na semana passada (239). A primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, diz que ainda não é possível afirmar se os casos de Covid-19 atingiram o pico após mais de cinco semanas em confinamento. “Os números são uma incógnita e não sabemos ainda – e eu tenho que ser honesta sobre isto – se estamos a passar pelo pior cenário ou não”, disse Berejiklian.
Meta: seis milhões de vacinados
Apesar do aumento contínuo do número de casos, as autoridades de Nova Gales do Sul admitem o fim do confinamento para os cinco milhões de habitantes de Sidney no final de agosto caso consigam administrar, até lá, seis milhões de doses de vacinas.

“Seis milhões de doses corresponde a quase metade da população com pelo menos uma ou duas doses das vacinas”, disse Berejiklian. “Isso dá-nos mais opções sobre como será a vida a 29 de agosto”, acrescentou.

“A nossa estratégia continua a ser proteger a vida humana, reduzir as hospitalizações e é por isso que a estratégia da vacina é fundamental. É para manter as pessoas fora do hospital, retardar a disseminação [do vírus] de forma que as pessoas não infetem os seus entes queridos”, defendeu a primeira-ministra de Nova Gales do Sul.

A meta imposta em Nova Gales do Sul surge pouco dias depois de o primeiro-ministro australiano Scott Morrison ter garantido que os confinamentos seriam “menos prováveis” assim que o país inoculasse 70 por cento da população com mais de 16 anos – uma meta ainda longe de ser alcançada.

Embora a Austrália tenha conseguido manter os números de casos de Covid-19 relativamente baixos, com políticas de contenção rápidas e localizadas, a campanha de vacinação tem avançado a um ritmo lento, colocando-a ao nível de países em desenvolvimento.

Atualmente, apenas 19 por cento da população com mais de 16 anos tem a vacinação completa. Morrison espera atingir a marca dos 70 por cento até o final do ano.

c/ agências
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