Áustria quer expulsar 60 imãs e fechar sete mesquitas

por RTP
“A política islâmica e a radicalização não têm lugar no nosso país”, argumentou em conferência de imprensa o primeiro-ministro austríaco Heinz-Peter Bader - Reuters

O Governo conservador austríaco anunciou esta sexta-feira a expulsão de dezenas de imãs, encerrando sete mesquitas conotadas com a Turquia. A decisão foi anunciada pelo chanceler Sebastian Kurz, líder do partido democrata-cristão ÖVP.

A medida afetará cerca de 60 imãs, tal como precisou o ministro austríaco do Interior, Herbert Kickl. No entanto, também os familiares dos imãs serão afetados. Kickl indica que 150 pessoas podem perder o direito à residência na Áustria.

A medida surgiu após a publicação de várias fotos no Falter, um semanário de esquerda austríaco, que mostravam a encenação da batalha de Gallipoli, uma das mais importantes da história otomana. A recriação, dirigida a um público infantil e com crianças vestidas de soldados, teve lugar numa das principais mesquitas de Viena.

Sebastian Kurz afirmou que devido à encenação dessa batalha, que historicamente não teve lugar na Áustria, o Governo iria “mostrar tolerância zero", prometendo uma reação "forte".

“A política islâmica e a radicalização não têm lugar no nosso país”, argumentou em conferência de imprensa o chefe do Executivo austríaco.
Turquia condena Governo austríaco

Ancara reagiu de imediato. “O encerramento de sete mesquitas e a expulsão de imãs por parte do governo austríaco é o resultado de uma vaga populista, anti-islâmica, racista e discriminatória deste país ”, denunciou no Twitter Ibrahim Kalin, porta-voz do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Kalin acrescentou que “a posição ideológica do Governo austríaco vai contra os princípios do direito universal, das políticas de coesão social, do direito das minorias e da coexistência étnica”.

Na Áustria vivem 360 mil pessoas de origem turca, dos quais 117 mil têm nacionalidade turca.
Tensões bilaterais remontam a 2016
Sebastian Kurz, líder do partido conservador austríaco, tornou-se primeiro-ministro a 15 de outubro do ano passado. Adotou um discurso anti-imigração que coincidiu com os ideais de extrema-direita do Partido da Liberdade (FPÖ), pelo que os partidos colidiram em dezembro.

As relações entre Ancara e Viena têm sido particularmente tensas depois da repressão que se seguiu à alegada tentativa de golpe contra Erdogan em julho de 2016.

Para além disso, o Presidente turco - de matriz ideológica islamista - criticou a Áutria em abril, após Kurz ter proibido, em território austríaco, as manifestações a favor da sua campanha para as eleições turcas de julho deste ano.
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