Barcelona, Espanha, 01 out (Lusa) -- A presidente da câmara de Barcelona, Ada Colau, pediu hoje a demissão do primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, por ter "ultrapassado todas as linhas vermelhas" com as cargas policiais na cidade, as quais devem "cessar imediatamente".
Colau, que votou no referendo sobre a independência da Catalunha na escola de La Sedeta, falou à imprensa enquanto esperava na fila para votar.
"Peço, como presidente da câmara, que cessem de imediato as atuações policiais que estão a decorrer nesta cidade no momento em que falo. Não é aceitável que se lance a polícia contra uma população mobilizada para defender o seu direito, indefesa e pacífica", disse.
"O governo de Rajoy insistiu na via da judicialização, utilizou juízes e procuradores para se esconder e não atuar politicamente, como é sua responsabilidade. E hoje deu mais um passo e ultrapassou todas as linhas vermelhas", acrescentou.
Para a presidente da câmara da capital catalã, "Rajoy é um cobarde e não está à altura da sua responsabilidade de Estado".
"Mariano Rajoy tem de se demitir porque fracassou nas suas responsabilidades políticas. E, se não se demitir, é responsabilidade das demais forças democráticas procurar uma alternativa e convocar novas eleições em Espanha", pediu.
Ada Colau elogiou em contrapartida a atitude da população catalã, "que saiu maciçamente à rua de maneira exemplar, pacífica e cívica".
Na última semana, Colau disse que votaria em branco, dado o referendo ter sido suspenso pelo Tribunal Constitucional de Espanha.
Questionada sobre como ia votar, respondeu: "o sentido de voto não é importante hoje, mas estar nas ruas com as pessoas".
Cerca de 5,3 milhões de eleitores catalães são hoje chamados a votar num referendo sobre a independência da Catalunha, região autónoma do nordeste de Espanha.
O Tribunal Constitucional de Espanha decretou a suspensão da consulta, considerada ilegal pelo Governo de Madrid, mas as autoridades separatistas regionais prometem declarar a independência se o `sim` vencer.
Numa tentativa de impedir a realização da consulta, as autoridades de Madrid apreenderam urnas e boletins de voto e fecharam alguns dos locais escolhidos para assembleias de voto, desalojando, nalguns casos com recurso à força, civis que estavam a ocupar os espaços.