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Autoridades da República Democrática do Congo encerram duas rádios da oposição a dois meses das eleições

por Lusa

Goma, 18 out (Lusa) - O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) criticou o encerramento de duas estações de rádio associadas à oposição na República Democrática do Congo, pelas autoridades do país, a dois meses das eleições gerais.

As rádios congolesas Liberté Lisala e Mwana Mboka não transmitem desde dia 09 de outubro, quando a polícia invadiu os escritórios das duas estações e interrompeu as suas transmissões, disseram ao CPJ os diretores das estações Mwana Mboka, Yannick Makambo, e da Liberté Lisala, Blaise Lukuta.

A coordenadora do programa do CPJ para África, Angela Quintal, criticou as medidas, que considerou uma forma de censura.

"O encerramento da Radio Liberté Lisala e da Radio Mwana Mboka é um ato sério de censura que deve ser rapidamente anulado", afirmou a responsável, citada em comunicado divulgado esta semana, acrescentando que "os políticos no poder não podem decidir silenciar arbitrariamente certos `media` que expõem opiniões opostas, essencialmente quando a República Democrática do Congo se prepara para as eleições".

A Liberté Lisala pertence ao membro da oposição Jean-Pierre Bemba - que viu a sua candidatura presidencial ser rejeitada pela Comissão Nacional Eleitoral Independente (CNEI) -, ao passo que a Mwana Mboka é tutelada pelo opositor político Crispin Bungdu.

A polícia terá seguido ordens de Bruce Bika Malambo, presidente da cidade de Lisala e membro do partido no poder, o Partido Popular da Reconstrução e Democracia (PPRD).

A República Democrática do Congo (RDCongo) vai a eleições a 23 de dezembro, onde será eleito o sucessor do Presidente, Joseph Kabila.

Joseph Kabila não pode concorrer às eleições porque já cumpriu dois mandatos como chefe de Estado, tal como está previsto na Constituição.

Desde a sua independência da Bélgica, em 1960, a RDCongo nunca testemunhou uma transição política pacífica.

O calendário eleitoral está a decorrer, apesar das tensões causadas pela exclusão de candidatos populares entre a oposição, como Moise Katumbi e Jean-Pierre Bemba.

Antigo aliado do Presidente Kabila, Katumbi juntou-se à oposição no final de 2015 e vive no exílio desde 2016. O opositor disse ter sido impedido de voltar à RDCongo - onde é procurado pela justiça desde o início de agosto -- quando tentou passar num posto fronteiriço com a Zâmbia.

A candidatura de Bemba, ex-chefe rebelde e ex-vice-Presidente, foi invalidada devido à sua condenação por manipulação de testemunhas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que, no entanto, retirou a sua sentença por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

O líder da oposição congolesa, Jean-Pierre Bemba, regressou em agosto à RDCongo, depois de dez anos na prisão, por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na vizinha República Centro-Africana, entre 2002 e 2003.

Privados de dois dos seus líderes, a oposição procura um candidato comum para desafiar o escolhido do Presidente Kabila, mas também não exclui o boicote às eleições de dezembro.

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