Autoridades moçambicanas detêm mais três suspeitos

por Lusa

As autoridades moçambicanas intercetaram mais três arguidos no âmbito do caso das dívidas ocultas do Estado, totalizando oito detidos que estão hoje a ser ouvidos em tribunal, disseram à Lusa fontes ligadas ao processo.

Todos estão desde manhã no Tribunal Judicial de Maputo, na baixa da cidade, com vista à legalização da sua prisão preventiva, enquanto no exterior se juntam jornalistas e familiares.

Um conjunto de cinco detenções feitas na quinta-feira (a que se juntaram três na sexta) foram as primeiras feitas pela justiça moçambicana após três anos e meio de investigação e aconteceram depois de a procuradoria norte-americana ter mandando prender Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique, detido a 29 de dezembro quando viajava pela África do Sul.

Sérgio Namburete, Elias Moiane e Sidónio Sitoe foram os três últimos a ser intercetados pelas autoridades moçambicanas, detalha hoje o portal informativo Carta de Moçambique, segundo o qual terão recebido transferências da Privinvest (empresa naval no centro da alegada fraude de 2,2 mil milhões de dólares), que depois encaminhavam a outros implicados.

Fontes ligadas ao caso admitem que novas detenções aconteçam nos próximos dias, dentro da lista de 18 arguidos revelada pela justiça moçambicana em janeiro, ao mesmo tempo que decorre a apreensão de vários bens.

As detenções e a presença em tribunal, a um sábado, estão a ser acompanhas pelos media moçambicanos, inclusive com ligações em direto ao local da televisão estatal.

Durante a manhã, os detidos entraram por uma porta lateral e evitaram a captação de imagens.

Namburete é apresentado como um "empresário lobista", bem relacionado com o Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), a "secreta" moçambicana (que controlava as três empresas públicas que serviram de fachada para obter empréstimos).

Elias Moaine é parente de Inês Moaine, secretária do ex-Presidente da República Armando Guebuza, durante o mandato do qual se desenrolou o processo das dívidas ocultas, entre 2013 e 2014 (Inês Moiane já tinha sido detida na quinta-feira) e o portal deixa em aberto a relação de Sidónio Sitoe com o processo.

A acusação norte-americana contém correspondência e documentos que a levam a concluir que três empresas públicas moçambicanas de pesca e segurança marítima terão servido para um esquema de corrupção e branqueamento de capitais com vista ao enriquecimento de vários suspeitos e que usou conta de bancos dos EUA.

O esquema baseava-se em empréstimos de 2,2 mil milhões de dólares, secretamente avalizados pelo Estado e que supostamente serviriam para criar e equipar a Ematum, Proindicus e Mam.

Além do ex-ministro moçambicano, está detido desde início do ano, em Nova Iorque, Jean Boustani, intermediário da empresa naval Privinvest que deveria equipar as empresas estatais.

Aguardam também decisão sobre extradição para os EUA, três ex-banqueiros do Credit Suisse, detidos no princípio de janeiro em Londres.

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