Basquetebolista condenada na Rússia. EUA tentam troca de prisioneiros

por RTP
Evgenia Novozhenina - Reuters

A Casa Branca insta Moscovo a aceitar uma troca de prisioneiros que inclua a atleta Brittney Griner. A bicampã olímpica foi condenada a nove anos de cadeia na Rússia por posse e contrabando de drogas, depois de admitir possuir óleo de canábis. Os Estados Unidos consideram a detenção injusta.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que Washington apresentou ao Kremlin uma proposta de troca para resgatar a basquetebolista da WNBA, Brittney Griner, sentenciada a nove anos de cadeia em solo russo.Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o caso de Brittney Griner ganhou contornos de caso diplomático de alto nível.


Blinken sublinhou que foi colocada "uma proposta substancial sobre a mesa há semanas". Por sua vez, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, fala de "uma proposta séria", mas não apresenta detalhes.

"Nós exortamo-los a aceitá-la. Eles deveriam tê-la aceitado há semanas, quando a fizemos pela primeira vez", observou Kirby.
A possível troca
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, respondeu que está disposto a discutir o assunto.

De acordo com a CNN, a Administração Biden ofereceu a entrega do traficante de armas russo Viktor Bout, ao abrigo da proposta para devolver Griner e Paul Whelan aos Estados Unidos. Bout, conhecido como o "comerciante da morte", está a cumprir uma sentença de 25 anos de prisão nos Estados Unidos.

Whelan, ex-fuzileiro naval norte americano, foi detido pela Rússia por alegada espionagem em 2018. Foi condenado a 16 anos de cadeia.

Kirby reiterou que a dupla – o militar e a atleta - estava detida injustamente e precisava de ser libertada.

Segundo a Reuters, existe pelo menos um obstáculo para que a diplomacia desbloqueie a concretização da troca de prisioneiros: a Rússia quer adicionar à proposta também a troca de Vadim Krasikov, condenado por homicídio e preso na Alemanha.

Quando questionado sobre essa possibilidade, Kirby descartou-a: "Não acho que vamos tão longe a ponto de chamar isso de contra-oferta".

Lavrov e Blinken deslocaram-se ao Camboja para uma reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático. Os EUA dizem que Blinken tentará falar com Lavrov durante o encontro.
O crime
Griner está detida na Rússia desde 17 de fevereiro, sob a acusação de "contrabando de substância proibida com intenção criminosa".

Quando se declarou culpada por ter cartuchos de vaporizador contendo óleo de canábis na bagagem, explicou que um médico lhe tinha recomendado a substância para dores crónicas. A basquetebolista olímpica também disse que não tinha a intenção criminosa de trazê-los para o país.

A advogada alegou em tribunal, na defesa de Brittney, que esta "nunca usou marijuana na Rússia ou teve intenções de o fazer". Argumentou também que a quantidade encontrada pelas autoridades teria sido "inferior a um grama", relativamente aos cartuchos com vaporizador.

"Nunca quis magoar quem quer que seja, nem infringir quaisquer leis ou prejudicar a Rússia", disse a atleta durante as alegações finais. "Cometi um erro honesto mas espero que a minha vida não acabe aqui. Sei que todos falam de política do meu caso, mas espero que a política se mantenha longe da sala e deste tribunal", afirmou Griner.

O veredito da juíza Anna Sotnikova foi de nove anos de prisão, a somar a uma multa de 15 mil euros.

O presidente norte-americano considerou que a condenação da basquetebolista é "inaceitável". Joe Biden prometeu trabalhar "incansavelmente e explorar todos os caminhos possíveis" para alcançar a libertação de Griner: "É inaceitável e peço à Rússia que a liberte imediatamente para que ela possa regressar para junto da esposa, entes queridos, amigos e colegas de equipa".

A basquetebolista norte-americana Brittney Griner, de 31 anos, é base das Phoenix Mercury (WNBA), veste a camisola número 42 e é considerada uma das melhores jogadoras do mundo.
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