Biden contra Trump. Quanto pesou a voz de Obama na decisão de Sanders?

por Cristina Sambado - RTP
Obama recebeu Bernie Sanders na Casa Branca em junho de 2106 Gary Cameron - Reuters

O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama terá desempenhado um papel ativo, embora privado, na decisão de Bernie Sanders, senador do Vermont, em abandonar a corrida para a nomeação democrata às presidenciais. O que deixa o caminho livre para que Joe Biden serja o próximo adversário de Donald Trump na corrida à Casa Branca.

Segundo a CNN, Obama e Sanders falaram várias vezes nas últimas semanas, numa altura em que o senador do Vermont determinava o futuro da sua campanha.

A decisão de Sanders abre a porta a Joe Biiden, que durante oito anos foi vice-presidente de Obama, a tornar-se o candidato democrata às presidenciais de novembro nos Estados Unidos.

O eventual apoio de Obama a Biden e a possibilidade de o ex-Presidente entrar na campanha eleitoral de uma forma vigorosa, terá sido um dos motivos que levaram Sanders a anunciar na quarta-feira a sua desistência na corrida democrata.

Segundo a tradição, Obama já tinha deixado claro que não entraria publicamente na campanha tendo prometido apoio ao candidato que vencesse as primárias democratas.

Esta é a segunda vez que Bernie Sanders tenta a nomeação democrata às presidenciais. O senador do Vermont também falhou a oportunidade ao perder a nomeação para Hillary Clinton.
Atento aos debates

Em 2016, o apoio de Obama a Hillary Clinton aconteceu em junho. E Bernie Sanders acabou por perder a corrida depois de conquistar 23 Estados contra os 34 de Hillary Clinton.

Apesar de Obama se ter mantido praticamente “mudo” durante as primárias e falando apenas antes dos eleitores começarem a votar, o ex-presidente estava atento aos debates e foi conversando regularmente com os candidatos.

“O advogado de Obama sublinhou constantemente que ele mantivesse o foco no objetivo final: conquistar a Casa Branca em novembro”, afirmou à CNN uma fonte próxima do ex-presidente.

Segundo a mesma fonte, Obama terá ficado impressionado com a qualidade dos democratas que decidiram concorrer às primárias democratas. Mas apelou para que “tenham em mente que devemos estar bem posicionados para nos unirmos como partido, assim que tenhamos o candidato”.

Embora o conteúdo dessas conversas permaneça privado”, frisou à CNN fonte próxima das ligações entre Obama e Sanders, “houve sempre o acordo de que vencer no outono era primordial”.
Hillary em silêncio

Já Hillary Clinton, que em 2016 defrontou Bernie Sanders na corrida à nomeação democrata, recusou-se a comentar a decisão do Senador do Vermont de abandonar a corrida.

Na altura, Clinton e muitos dos seus aliados consideraram que Sanders ficou demasiado tempo na corrida depois de ter perdido qualquer possibilidade de vencer.

Nos poucos momentos em que Obama fez comentários sobre a corrida à nomeação democrata para as presidenciais de novembro de 2020, foi para apelar aos eleitores a que não se preocupassem com a força dos candidatos e para os recordar de que a vitória mais importante era derrotar Donald Trump.

Haverá diferenças, mas quero que tenhamos em mente que, em relação ao objetivo final, é derrotar um presidente e um partido que se afastou de muitas tradições, valores e compromissos institucionais essenciais que construíram este país. Essas diferenças são relativamente pequenas”, afirmou Obama em novembro de 2019 durante uma campanha de angariação de fundos.

Na mesma altura, o ex-Presidente norte-americano criticou os “testes de pureza” de alguns candidatos, apesar de “os argumentos sobre política segam bons” o importante “é vencer a eleição”.

Obama recordou ainda que ele e Hillary Clinton, que em 2008 disputaram a nomeação democrata, tiveram umas eleições primárias difíceis.

“Estou confiante de que, no final do processo, teremos um candidato que foi testado e seremos capazes de carregar orgulhosamente a bandeira democrata. Temos de nos unir em torno disso”, frisou Obama.
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