O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, vai telefonar ao homólogo angolano, João Lourenço, para abordar a situação dos missionários da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país africano, revelou o deputado Cezinha de Madureira.
Cezinha de Madureira declarou à agência Lusa que essa missão oficial ocorrerá "muito em breve", mas que ainda não tem data.
"Estamos preocupados porque são situações específicas, que precisam de ser explicadas. Alguns dos pastores e missionários da Universal em Angola foram enviados para o Brasil e as suas esposas ficaram lá (em Angola). É preciso que seja explicado o que está a acontecer", concluiu.Sucessão de acontecimentos
Até ao momento, nove missionários brasileiros da IURD foram deportados de Angola, na semana passada, num processo que decorreu com "tranquilidade", segundo o executivo brasileiro.
Os brasileiros da IURD foram notificados em abril para deixarem voluntariamente o país por terem cessado a atividade eclesiástica em Angola e, em consequência, verem cancelados os seus vistos de permanência temporária, na sequência de um ofício da nova direção angolana da IURD.
O conflito interno na IURD teve o seu início em novembro de 2019, quando um grupo de dissidentes angolanos decidiu afastar-se da direção brasileira, com várias acusações, nomeadamente de evasão de divisas, racismo, prática obrigatória de vasectomia, entre outras, todas recusadas pelos missionários da igreja criada pelo brasileiro Edir Macedo, que acusam também os angolanos de xenofobia e agressões.
Nos tribunais de Angola, depois de iniciadas as divergências entre as partes, agravadas com a tomada pela força de templos em todo o país, correm vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.
Uma Comissão de Reforma de pastores angolanos foi legitimada pelo Estado angolano, tendo a nova direção da IURD, encabeçada pelo bispo Valente Bezerra, sido eleita em assembleia-geral em 13 de fevereiro.