Boris Johnson encerra pubs como parte de novas restrições para deter pandemia

por RTP
Pessoas ouvem o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, a anunciar novas restrições devido à pandemia da Covid-19, que visam especificamente bares e pubs. Reuters

O primeiro-ministro do Reino Unido impôs um sistema por camadas de novas restrições nalgumas zonas de Inglaterra, incluindo o encerramento dos pubs, para tentar evitar o alastramento dos contágios por SARS-CoV-2.

Os encerramentos irão incluir pubs e bares em área consideradas de alerta muito alto a partir de quarta-feira.
A única exceção serão os pubs que sirvam "refeições substanciais", ao almoço e ao jantar. A venda de álcool só será permitida a acompanhar a refeição, explicou o Governo britânico, embora sem especificar o que entende como "refeições substanciais", uma vez que muitos pubs servem refeições e agem como restaurantes.


Os outros níveis no novo sistema de classificação do risco pandémico, são médio e elevado.

Até agora, só Merseyside, no nordeste de Inglaterra e que inclui a cidade de Liverpool, está abrangida pela categoria máxima.

"Temos de agir para salvar vidas", afirmou Boris Johnson ao Parlamento reunido para conhecer o novo pacote de medidas governamentais de combate à pandemia.

O primeiro-ministro espera desta forma evitar um novo confinamento nacional.

A perda de liberdade tem sido cada vez menos bem recebida, e Johnson teve uma palavra para aqueles a quem a "repressão da liberdade" causa atrito. "Compreendo a vossa frustração", afirmou.

"Se deixássemos o vírus espalhar-se, então os cálculos sombrios ditam que iríamos sofrer não só uma taxa de mortalidade intolerável devido à Covid, mas iríamos colocar uma pressão tão grande no nosso NHS [Sistema Nacional de Saúde britânico] com uma segunda vaga incrontrolada, que os nossos médicos e enfermeiros seriam simplesmente incapazes de se dedicarem a outros tratamentos", avisou Boris Johnson.
Donos de pubs indignados
Os dados mais recentes indicam que as infeções estão a aumentar no norte de Inglaterra e nalgumas áreas mais a sul do país, com o vírus a afetar todos os grupos etários, dos 16-29 até aos mais idosos.Jane Eddleston, consultora de cuidados intensivos em Manchester, disse à agência Reuters que 30 opr cento das camas de cuidados intensivos estão ocupadas com doentes Covid-19 e que isso começa a afetar os cuidados a outros pacientes.

"Não é desta forma que queremos viver as nossas vidas mas este é o caminho estreito de temos de percorrer entre o trauma económico e social de um confinamento total e o custo humano massivo e também económico de uma epidemia incontrolada", referiu o primeiro-ministro britânico.

"As próximas semanas e meses irão continuar a se difíceis e irão testar o caracter este país", vaticinou Boris Johnson.

As novas medidas restritivas deverão ser mal recebidas, sobretudo no setor de acolhimento e hospitalidade, já gravemente afetado.

"É absolutamente horrível. O meu pessoal, alguns deles ainda não regressaram ao trabalho, os seus empregos não são necessários", afirmou Karen Strickland, proprietária do pub The Grapes, em Liverpool.

"Não há razão para escolher apenas os pubs", afirma, referindo que as atuais restrições de encerramento às 22h00 levaram a uma quebra de 70 por cento dos seus rendimentos e que as ajudas do Governo não chegam.

Alguns donos de pubs admitem vir a interpor uma açao legal para impedir o encerramento dos pubs, já que, afirmam, o Governo de Johnson não tem providenciado elementos que justifiquem porque é que os pubs estão a ser especialmente visados.

"O plano está suspenso", disse Sacha Lord, operador de clubes noturnos e eventos, à Reuters, advertindo que "vamos ter as tropas de prontidão porque obviamente está tudo a mudar todos os dias".
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