Brasil. Embaixada da Venezuela invadida por apoiantes de Juan Guaidó

por RTP
Apoiantes de Nicolás Maduro junto à Embaixada da Venezuela no Brasil tentam bloquear opositores. Sergio Moraes/Reuters

A Embaixada da Venezuela em Brasília foi ocupada esta quarta-feira por um grupo de apoiantes de Juan Guaidó, chefe da Assembleia Nacional e autoproclamado Presidente da Venezuela. O Governo brasileiro nega ter incentivado a invasão da embaixada.

Cerca de duas dezenas de pessoas, apoiantes do opositor de Nicolas Maduro, terão saltado o muro do edifício da Embaixada e invadido as instalações, com o propósito de entregar a embaixada da Venezuela no Brasil ao executivo de Juan Guaidó.

Foi a primeira vez que representantes e apoiantes de Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil como Presidente da Venezuela, conseguiram entrar, embora à força, na Embaixada da capital brasileira.

Maria Teresa Belandria Expósito anunciou-se, entretanto, como nova "embaixadora". A advogada indicada por Juan Guaidó como embaixadora e reconhecida pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que um grupo de funcionários da Embaixada da Venezuela a contactou, esta quarta-feira de manhã, e entregou a Embaixada.

"Um grupo de funcionários da Embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contacto connosco para nos informar que reconhecem o Presidente Juan Guaidó. Eles começaram a abrir as portas e a entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil", informou.

Segundo o mesmo comunicado, os funcionários que estavam dentro da representação diplomática terão sido notificados e convidados a aderir ao movimento, "garantindo todos os direitos trabalhistas".

No entanto, há informações contraditórias. Jorge Arreaza, ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, declarou que a embaixada foi alvo de um ataque premeditado, de uma invasão, para coincidir com o início da Cimeira dos BRICS (que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que teve início esta quarta-feira na capital brasileira, para que o ato tivesse repercussões mundiais.

O deputado brasileiro Paulo Pimenta, do Partido dos Trabalhadores, disse no Twitter que esteve no local e que os funcionários da embaixada venezuelana teriam sido assediados por apoiantes do líder da assembleia venezuelana e pelo Governo brasileiro.
"Eu e o deputado Glauber Braga registámos a denúncia dos diplomatas venezuelanos na embaixada da Venezuela em Brasília, que foi invadida por milicianos contratados numa ação coordenada com o Governo brasileiro", escreveu, numa mensagem no Twitter, que acompanha um vídeo de Freddy Meregote relatando a alegada invasão.

Freddy Menegotti, encarregado de Negócios da Venezuela no Brasil, desmentiu a versão de que os diplomatas e funcionários tenham mudado de lado e passado a apoiar o líder da oposição, afirmando que a Embaixada foi invadida à força sem que as autoridades brasileiras tenham impedido.

O Governo brasileiro respondeu, entretanto, que não tomou conhecimento nem incentivou a invasão da embaixada da Venezuela em Brasília.

"Como sempre, há indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade. O Presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela, por partidários do Sr. Juan Guaidó", disse o Gabinete de Segurança Institucional, em comunicado.

O executivo brasileiro garantiu que as forças de segurança estão a tomar providências para que "a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade".

O filho do Presidente brasileiro, Eduardo Bolsonaro, comentou a polémica e reconheceu a "invasão" como um ato legítimo.

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