Brasil espera que ajuda humanitária seja aceite

por Lusa

Boa Vista, Brasil, 23 fev (Lusa) -- O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, mostrou-se hoje confiante no sucesso da entrega de ajuda humanitária na Venezuela, transportada por dois camiões a partir da cidade brasileira de Boavista.

"Todos estão a olhar para o que está a acontecer hoje na fronteira com a Venezuela. Temos a expectativa que permitam a passagem" dos camiões, disse Ernesto Araújo, considerando que "segurança permanece normal".

Junto à fronteira, em declarações aos jornalistas, Ernesto Araújo disse ainda que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "não tem poder real", "nem tem moral e só tem o poder da força bruta".

Ernesto Araújo assegurou que "a queda de Maduro é uma questão de tempo" e espera que os "militares venezuelanos devem apoiar" o chefe da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, que em janeiro se autoproclamou presidente da Venezuela, sendo reconhecido por 50 países.

O governo de Jair Bolsonaro esclareceu, na sexta-feira, que as autoridades brasileiras vão apenas escoltar os dois camiões que começaram hoje a viagem em direção à fronteira, descartando qualquer "ação agressiva" contra a nação caribenha.

Nesta sexta-feira, o ministro da Relações Exteriores do Brasil encontrou-se, na cidade colombiana de Cúcuta, durante o concerto "Venezuela Aid Live", com Guaidó e com os presidentes da Colômbia, Iván Duque, do Chile, Sebastián Piñera e do Paraguai, Mário Abdo Benítez.

Em Cúcuta, Araújo disse que percebeu "uma energia muito intensa, esperança e absoluta indignação", garantindo que já há planos internacionais para a "reconstrução da Venezuela", caso o governo Maduro termine.

A venezuelana Elizabeth Salazar, doente com cancro da mama, revelou, na cidade colombiana que faz fronteira com a Venezuela, que espera que entre ajuda humanitária em território venezuelano.

Elizabeth Salazar, de 64 anos, que está há sete meses a fazer tratamento em Cúcuta, lembrou que a ajuda humanitária é de "extrema urgência" para que não se repita casos como o seu, que foi obrigada a emigrar para a Colômbia em 22 de julho de 2018, depois de não conseguir "resistir a tantas dores e à ausência médica".

O Brasil enviou dois camiões com ajuda humanitária, esta madrugada, a partir da cidade de Boa Vista, que faz fronteira -- encerrada desde quinta-feira por ordem do governo de Nicolás Maduro -- entre os dois países.

Os dois veículos têm matrícula venezuelana e são dirigidos por condutores venezuelanos, estando a ser escoltados pela polícia brasileira durante os 220 quilómetros de viagem até à cidade de Pacaraima, localizada na própria fronteira.

JML// PJA

 

Tópicos
pub