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Brexit. Caso de Covid-19 na comitiva europeia obriga a suspender negociações

por RTP
Peter Nicholls - Reuters

As negociações pós-Brexit em Bruxelas, entre a União Europeia e o Reino Unido, voltaram a ser suspensas "por um curto período" devido a um caso positivo de Covid-19 na equipa comunitária, embora esta seja uma altura decisiva nas discussões.

O principal negociador do Brexit da União Europeia, Michel Barnier, anunciou a suspensão das negociações com o Reino Unido esta quinta-feira, depois de um membro da sua equipa ter testado positivo à Covid-19, situação que aumenta a pressão considerando o prazo já apertado para finalizar um acordo.  O responsável da UE para as futuras relações entre Londres e Bruxelas vai ficar em isolamento profilático, por prevenção, mas garantiu que "as equipas continuarão o seu trabalho no pleno respeito pelas diretrizes" estipuladas no Acordo de Saída.

"Um dos negociadores da minha equipa testou positivo para a covid-19 e decidi, juntamente com David Frost [negociador-chefe britânico], suspender as negociações ao nosso nível por um curto período de tempo", escreveu Michel Barnier no Twitter.


Também o seu homólogo britânico, David Frost, concordou com a decisão de suspender as negociações e assegurou estar em "estreito contacto com Michel Barnier sobre esta situação".

"A saúde das nossas equipas vem em primeiro lugar. Gostaria de agradecer à Comissão Europeia pela sua ajuda e apoio imediatos", adiantou o negociador britânico também através da rede social.



As autoridades envolvidas nas negociações, que decorrem desde segunda-feira em Bruxelas, informaram também que todos os que tiveram algum contacto com o elemento da comitiva europeia infetado pelo Sars-Cov-2 vão ser testados e ficam em isolamento, seguindo as medidas de contingência impostas na Bélgica: de acordo com a lei belga, qualquer pessoa com teste positivo deve ficar em quarentena durante sete dias, e quem tiver estado em contato com uma pessoa infetada deve ficar em isolamento durante dez dias.

Esta suspensão ameaça inviabilizar o prazo para chegar a um acordo após as negociações, que já tinham sido suspensas em março, quando Barnier e Frost foram infetados pelo novo coronavírus. Apesar das difíceis discussões sobre as questões mais controversas, os dois lados pretendem chegar a um acordo na próxima semana para dar tempo ao Parlamento Europeu de ratificar qualquer acordo potencial, com uma possível sessão de emergência marcada para 28 de dezembro. Contudo, Bruxelas receia que não haja acordo até ao final da próxima semana.

Um porta-voz do governo britânico disse, entretanto, que foi informado pela Comissão Europeia e que está a ser avaliado que "implicações para as negociações" pode ter esta suspensão.

Segundo o Guardian, Barnier vai pedir a um funcionário da Comissão Europeia, exterior à equipa escolhida para as negociações com Londres, para informar os embaixadores da UE pessoalmente na manhã de sexta-feira sobre as últimas reviravoltas nas negociações.

Os dois lados estão em contrarrelógio para concluir, até final do ano, um acordo de comércio pós-Brexit que possa entrar em vigor em 2021, quando cessa o período de transição que mantém o acesso do Reino Unido ao mercado único europeu.

O Reino Unido saiu da UE em 31 de janeiro e beneficia de um período de transição que mantém o acesso ao mercado único e união aduaneira do bloco europeu até o final deste ano. Caso não consigam negociar um pacto bilateral, a partir de 1 de janeiro de 2021, o Reino Unido e a UE passarão a negociar com base nas regulamentações genéricas menos vantajosas da Organização Mundial do Comércio.
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