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Brexit: Divórcio litigioso à vista

por João Fernando Ramos, Rui Sá

No dia 29 de março o Reino Unido abre formalmente o processo de saída da União Europeia.
As negociações do Brexit devem prolongar-se durante dois anos. "Todos sabamos como se entra na Uniao Europeia. Ninguém sabe como se sai", lembra no Jornal 2 Manuel Loff. O analista de política internacional recorda que parece ser do interesse de Bruxelas que este seja um divórcio litigioso por forma a deixar um aviso a quem lhe quiser seguir. "O Reino Unido sabe no entanto que tem no seio dos 27 muitos aliados na questão do fecho de fronteiras e vai explorar isso para dividir".

O futuro dos europeus residentes em território britânico é uma das muitas incógnitas causadas pelo Brexit.

"Este é um dos grandes trunfos dos 27 perante Theresa May. E que também há mais e um milhão e duzentos mil britânicos a viver em países da União". Usar este argumento como moeda de troca parece ser inevitável até porque na sociedade britânica a questão não é pacifica. Os Lordes pediram ao governo que mantivesse os direitos dos cidadãos europeus que já vivem no país, os Comuns recusaram.

Recorde-se o Brexit surgiu na sequência de um referendo realizado um ano passado tendo a maioria dos britânicos, 52 por cento, optado pelo fim de uma relação muito especial que começou em 1973.

O Reino Unido nunca adotou a moeda única, nem aceitou integrar o Acordo de Schengen que prevê a livre circulação de pessoas e bens nos países da União Europeia.

"O que os britânicos sempre quiseram foi o melhor de dois mundos. O controlo total de fronteiras e o acesso ao mercado comum", lembra Manuel Loff.

A primeira ministra vai fazer um périplo pelos 4 países do Reino argumentando que todos têm a ganhar.

A Escócia e a Irlanda do Norte não estão convencidas e vão avançar com um referendo à independência.

Com a ativação do artigo 50º do tratado de Lisboa, dia 29, arrancam oficialmente as negociações entre o governo britânico e as instâncias europeias.

"há um capitulo que promete ser muito difícil. A União Europeia entende que há 60 mil milhões de euros de compromissos firmados pelo Reino Unido que ainda não foram cumpridos. É muito dinheiro. É o equivalente a mais de um quarto do Produto Interno Bruto de Portugal. Londres não está na disposição de pagar".

As conversas sobre a nova relação entre o Reino Unido e os 27 estados membros da União podem durar até dois anos.
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