Brexit: Perigos e oportunidades para Portugal

por Rui Sá, João Fernando Ramos

Em 2016 o Reino Unido foi o quarto maior destino das exportações portuguesas, foi o nosso sexto fornecedor. O ano passado mais de nove milhões de britânicos visitaram o Portugal."Temos uma balança comercial com um suoperavit de cerca de 1,6 mil milhões de euros", explica no Jornal 2 Paulo Nunes e Almeida, o presidente da AEP, a maior associação empresarial portuguesa que estabeleceu já um contrato com uma empresa inglesa para monitorizar de perto todo o processo de saída daquele país da União Europeia.

O Reino Unido é o quarto país de origem do investimento estrangeiro em Portugal. O Brexit pode tornar-se uma oportunidade neste capitulo. "Há empresas a querem deslocalizar-se para se manterem dentro do mercado único. Hoje Portugal tem condições ótimas para captar este investimento", garante Paulo Nunes de Almeida.

O presidente da Associação Empresarial de Portugal lembra no entanto os perigos de uma saída da segunda maior economia europeia da União. Barreiras alfandegárias a dificultar a exportação das empresas comunitárias, um travão à livre circulação de pessoas com efeitos no turismo, a desvalorização em curso da Libra que torna os produtos importados da zona euro mais caros para os britânicos, e as suas férias em países da União comparativamente mais caras.

Em nove meses de incerteza a libra perdeu onze e meio por cento do seu valor. Continua no entanto a ser mais forte do que o Euro.

A vinte e quatro horas de formalizar o pedido de saída da União Europeia, Londres tem um gesto simbólico: coloca em circulação a nova moeda de uma libra - a mais avançada moeda em circulação no mundo inteiro, que incorpora pela primeira vez seguranças holográficas. Um sinal também para os países que compõem o Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte e Escócia).


Escoceses vão pedir segundo referendo à independência


O parlamento escocês aprovou esta tarde o pedido de um segundo referendo à independência do país. Aprovou mas não tem garantias que o pedido seja atendido em Londres.

E uma vitória política do governo escocês, que aproveita o momento em que o Reino Unido faz o pedido formal para deixar a União Europeia.

Os escoceses querem voltar a ser ouvidos sobre a sua independência. O parlamento de aprovou por 69 votos a favor e 59 contra a resolução que permite pedir um novo referendo.

Nicola Sturgeon tem agora que pedir ao governo britânico, e este ao parlamento, para convocar a consulta popular. Não é líquido que Westminster a venha a autorizar.

Com a certeza do Brexit na Escócia os nacionalistas levam a dianteira, mas o parlamento mostra um país dividido.


Dois anos podem não chegar para negociar a saída do Reino Unido


Theresa May fala ao país esta quarta-feira, logo depois de enviar a carta que formaliza o pedido para deixar a União Europeia.

Nos próximos dois anos os ingleses vão encontrar do outro lado da mesa este homem. O belga Didier Seeuws vai representar os 27 nas negociações.

De ambos os lados há pressa num desfecho mas lembre-se: quando a Gronelância quis deixar a Comunidade Económica Europeia, em 1982. Demorou três anos a negociar os termos.

A Gronelândia tem menos de 60 mil habitantes, o Reino Unido mais de sessenta milhões.

A economia da Gronlândia não tinha expressão no todo da CEE. O Reino Unido é a sétima maior economia mundial, a segunda do continente europeu.
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