Brexit. Theresa May responde a críticas com vitória do Liverpool

por Graça Andrade Ramos - RTP
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, à saída da sua residência oficial quarta-feira, 8 de maio de 2019 Reuters

Theresa May mantém-se de pedra e cal na liderança do Governo britânico apesar de todas as pressões, explicando aos críticos que o fracasso face ao Brexit, "não tem a ver comigo", nem com a sua liderança.

"Se tivesse a ver comigo e com o meu voto, já teríamos deixado a União Europeia", respondeu a primeira-ministra a uma deputada do próprio partido, conservador, que a desafiou hoje a deixar outra pessoa assumir a liderança.

Theresa May marcou alguns pontos também na resposta à farpa do líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, lançada esta manhã.

Este aconselhou-a a pedir conselhos ao treinador do Liverpool, o alemão Jurgen Klopp, "quanto à melhor forma de obter resultados na Europa".

O clube inglês venceu terça-feira à noite, por 4-0 o espanhol FC Barcelona, para a final da Liga dos Campeões, numa recuperação espetacular da derrota sofrida em Camp Nou, onde o Barcelona venceu por 3-0.

Durante a sessão de perguntas na Casa dos Comuns, esta quarta-feira, Theresa May explicou a Corbyn que a vitória do Liverpool "nos mostra que, quando todos dizem que está tudo perdido, que o vosso adversário europeu vos venceu, que já é tempo de admitir a derrota, podemos sempre obter sucesso se todos se unirem".

Recebeu uma salva de aplausos dos conservadores presentes. Corbyn não respondeu.
Acordo CTA com Irlanda
Noutra pequena vitória desta quarta-feira, o Governo de May assinou com o homólogo irlandês um acordo que visa garantir aos cidadãos de ambos os Estados o direito a viver e a trabalhar em cada um dos países, após o Brexit.O acordo assegura a continuidade da Área Comum de Deslocação, CTA na sigla inglesa, em vigor desde 1922.

Nos termos deste memorando de entendimento, os cidadãos dos dois países poderão continuar a circular livremente entre eles e o pleno acesso à Segurança Social, à Saúde e à Educação, mantém-se.

Fica consagrado ainda o direito de voto dos respetivos cidadãos em eleições locais e legislativas.

Face à pressão para se demitir, Theresa May prometeu há semanas que irá sair mal a "primeira fase" do Brexit fique concluída, abrindo o caminho a outro líder para concluir a "segunda fase".

"Esse é o calendário para o qual ela está a trabalhar. Ela quer concluir o Brexit", confirmou o seu porta-voz esta quarta-feira.
Conservadores: 82% querem que May saia
A dúvida centra-se quanto tempo mais irá aguentar a paciência dos próprios conservadores.

Também esta quarta-feira, o analista Simon Heffer afirmou que, se o Partido Conservador britânico se desintegrar, a culpa será da "teimosia e da estupidez de Theresa May" quanto ao Brexit.

E. mesmo se mais ninguém repete em voz alta esta opinião, o certo é que a primeira-ministra do Reino Unido está cada vez mais sozinha e no seu próprio partido os pedidos de demissão apertam o cerco.

Na semana passada, uma sondagem revelou que 82 por cento dos membros do partido da primeira-ministra querem que ela se vá embora.

A primeira-ministra conservadora está à mais de um mês em discussões com os trabalhistas, para tentar obter consensos sobre o acordo do Brexit alcançado com Bruxelas e já chumbado três vezes no Parlamento britânico.

Até agora, os progressos têm sido mínimos e os cidadãos do Reino Unido irão mesmo votar para o Parlamento Europeu a 23 de maio, mesmo se saírem da União Europeia dentro do novo prazo estabelecido, 31 de outubro, tal como admitiu a própria May esta terça-feira.
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