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Bruxelas admite "erros" em participação de Von der Leyen na campanha croata

por Lusa
Reuters

A Comissão Europeia admitiu hoje "erros não intencionais" na participação da presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, na campanha eleitoral croata, na sequência de um polémico vídeo de apoio ao partido do primeiro-ministro conservador Andrej Plenkovic.

A polémica estalou no fim de semana, quando o partido HDZ (União Democrata Croata), que venceu as eleições legislativas de domingo, divulgou nas redes sociais um curto vídeo de meio minuto, no qual vários líderes políticos europeus pertencentes à família de centro-direita do Partido Popular Europeu (PPE) dão voz ao lema de campanha de Plenkovic, "Sigurna Hrvatska" ("Croácia Segura"), entre os quais Von der Leyen, na condição de presidente da Comissão Europeia, o que vai contra o estipulado no código de conduta dos membros do colégio de comissários.

O vídeo começa precisamente com as palavras de Ursula von der Leyen, identificada como presidente da Comissão Europeia e filmada na sede do executivo comunitário, com uma bandeia da UE atrás de si. Seguem-se vários chefes de Estado ou de Governo pertencentes ao PPE, o líder da bancada do partido no Parlamento Europeu, Manfred Weber, o presidente da família política, o antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, e também a comissária europeia (croata) Dubravka Suica.

Hoje, na conferência de imprensa diária da Comissão, o porta-voz do executivo comunitário, Eric Mamer, escusando-se a admitir uma quebra do código de conduta dos comissários, reconheceu pelo menos dois "erros técnicos", um cometido em Bruxelas, outro em Zagreb, mas nenhum atribuível a Von der Leyen.

O porta-voz reconheceu como erros o pano de fundo do curto vídeo ser a sede da Comissão, o edifício Berlaymont, em Bruxelas, e o facto de, "no pós-produção, em Zagreb, o título de `presidente` da Comissão ter sido acrescentado" no oráculo, "o que evidentemente não estava previsto", isto porque a intenção de Ursula von der Leyen era participar na campanha enquanto membro do Partido Popular Europeu.

Eric Mamer explicou que, "a pedido do gabinete do primeiro-ministro [croata], na sexta-feira de manhã, a presidente gravou uma breve intervenção, à margem de uma série de mensagens vídeo que estava a gravar", pois, sublinhou, "neste período de confinamento a sua participação em conferências e noutros eventos faz-se de forma virtual", razão pela qual a gravação foi realizada nos estúdios do executivo comunitário.

O porta-voz indicou que Von der Leyen foi posteriormente informada de que havia sido utilizado na gravação "o mesmo fundo utilizado nas sequências anteriores" que havia gravado, e que em Zagreb surgiu a sua identificação como presidente da Comissão Europeia, tendo a presidente dado "instruções muito claras de que mensagens de natureza política devem respeitar os artigos do código de conduta de comissários" e no sentido de serem tomadas as "medidas apropriadas para que não se repitam no futuro estes erros não intencionais".

Apesar da insistência dos jornalistas na conferência de imprensa, Eric Mamer escusou-se a admitir uma violação do código de conduta ou pedir desculpa pelos "erros".

O código de conduta da Comissão, em vigor desde janeiro de 2018, estipula que "os membros da Comissão devem abster-se de fazer declarações ou intervenções públicas em nome de qualquer partido político europeu de que sejam membros, exceto quando se candidatem ou participem numa campanha eleitoral".

No domingo à noite, Andrej Plenkovic reivindicou "uma grande vitória" nas eleições legislativas, nas quais os conservadores se distanciaram dos principais adversários do centro-esquerda.

De acordo com os resultados oficiais, após a contagem de 90% dos votos, o HDZ conquistou 68 lugares dos 151, à frente da coligação de centro-esquerda (42 lugares), enquanto o partido de Miroslav Skoro, um cantor popular, conseguiu 15 lugares.

Embora não tenham conseguido a maioria absoluta, estes resultados colocam os conservadores numa posição reforçada e confortável para formar um governo que terá como missão enfrentar o coronavírus e as suas dolorosas repercussões económicas no país.

O escrutínio, que decorreu face a um aumento da pandemia, foi anunciado como extremamente disputado, mas o primeiro-ministro conseguiu mobilizar o seu partido a convencer os eleitores a manterem-se fiéis.

O HDZ domina a vida política desde a independência da Croácia, em 1991.

 

 

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