O MpD perdeu a liderança em cinco das 18 câmaras que detinha nas eleições municipais de domingo em Cabo Verde, incluindo a capital Praia, que passou para as mãos do PAICV, partido que aumentou de duas para oito câmaras.
Os dois partidos (MpD lidera o governo cabo-verdiano e PAICV a oposição no parlamento) voltam assim a ter a mesma relação de forças no poder autárquico anterior às eleições municipais de 2016.
Segundo dados oficiais às 2h00 em Lisboa, com 96,8% das 1.346 mesas de voto apuradas, estas oitavas eleições municipais em Cabo Verde registaram uma taxa de abstenção de 41,6%.
Além da Praia, capital do país - cuja derrota foi assumida pelo atual autarca, Óscar Santos -, o MpD perdeu para o PAICV, nestas eleições, as câmaras municipais de São Filipe (ilha do Fogo), Tarrafal, São Domingos e Ribeira Grande (Santiago), tendo conquistado a de Ribeira Brava (São Nicolau), que desde as eleições de 2016 era liderada por independentes.
O MpD manteve ainda as câmaras do Sal, Maio, Brava, São Vicente (perdendo a maioria), Tarrafal (São Nicolau), Porto Novo, Paul e Ribeira Grande (Santo Antão), Santa Catarina (perdendo a maioria), São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos e São Miguel (Santiago).
O PAICV, além de manter as duas câmaras municipais que já detinha, em Santa Cruz (Santiago) e Mosteiros (Fogo), e de conquistar cinco ao MpD, também venceu a câmara da Boa Vista (embora com maioria na assembleia municipal do MpD), que antes estava nas mãos do independente José Luís Santos, que nestas eleições liderou a lista do MpD, tendo sido derrotado.
Dados do ato eleitoral
A votação iniciou-se pelas 7h00 locais, uma hora antes face ao habitual, conforme previsto no plano de contingência à covid-19, embora a abertura de várias mesas de voto tenha sido feita com atraso, face ao programado, devido a questões logísticas.
Fonte da CNE contactada pela Lusa explicou que além de atrasos pontuais na abertura das mesas de voto, a votação decorreu sem incidentes em todo o país.
Para esta votação estavam inscritos 337.083 eleitores, distribuídos por 1.386 mesas de voto em todo o arquipélago, um aumento de 34.073 eleitores (+11%) face às eleições municipais anteriores, em 2016.
Nas eleições concorreram ao mandato de quatro anos 65 listas às assembleias municipais e 64 às câmaras municipais, das quais 53 de partidos políticos (de quatro partidos) e 12 de grupos de cidadãos, segundo dados da CNE.
As últimas autárquicas aconteceram em 4 de setembro de 2016, em que o MpD venceu com os seus próprios candidatos 18 das 22 câmaras municipais, enquanto o PAICV ganhou duas e outras duas foram conquistadas por independentes.