Campanha urgente de vacinação em Londres contra a poliomielite

por Graça Andrade Ramos - RTP
Criança a ser vacinada contra a poliomielite DR

Todas as crianças com idades entre um e os nove anos deverão ser vacinadas contra a poliomielite na área da grande Londres, depois do vírus que causa a doença ter sido detetado 116 vezes nos esgotos da capital britânica e respetiva área metropolitana.

A campanha de imunização urgente visa quase um milhão de crianças, incluindo as que já foram imunizadas e as que têm a vacina no seu plano de imunização.

“Todas as crianças com idade entre um e os nove anos necessitam de receber agora uma dose da vacina contra a polio – seja uma dose de reforço ou vacinação prevista no seu calendário”, referiu uma porta-voz da Agência Britânica de Segurança de Saúde, UKHSA.

Pais e cuidadores serão contactados pelos seus médicos de família nas próximas semanas.

O vírus detetado nos últimos meses nos esgotos de Londres provém de vacinas com vírus vivo utilizadas noutros países e que providenciam uma proteção mais elevada.

A presença do vírus vivo em áreas com fraca imunização pode contudo revelar-se problemática num país onde a poliomielite, à semelhança do resto da Europa, tinha sido considerada erradicada em 2003.

A UKHSA, afirma que na maioria das amostras onde foi detetado o vírus este era seguro, contudo noutras o vírus apresentava “mutações” que o tornam perigoso.

A análise genética das amostras sugere que o vírus tem alastrado “para além de uma rede restrita de indivíduos”, o que levou o Comité Conjunto de Vacinação e Imunização a recomendar uma campanha urgente de vacinação a crianças até aos nove anos, tanto para evitar a infeção como aumentar os níveis de imunização que impeça o vírus de alastrar.

O primeiro alarme da presença do vírus nos esgotos londrinos foi dado em junho. Até agora foi detetado em oito centrais de tratamento de águas residuais. Mais de 15 locais em Londres e 10 outros fora da capital estão sob vigilância para verificar se o vírus não alastra a outras regiões.

As amostras detetadas nas águas residuais londrinas ligam-se a outras que têm sido detetadas em Jerusalém, Israel, e no Estado de Nova Iorque, Estados Unidos, onde um jovem ficou paralisado.

O ministro para a Saúde e Segurança Social, Steve Barclay, sublinhou que não foram detetados casos de infeção em Londres e que os riscos “para a maioria da população são baixos”.

A poliomielite pode provocar a paralisia entre uma em 100 e uma em 1000 pessoas, com as crianças a serem especialmente afetadas. Os primeiros sintomas são semelhantes a gripe ou a problemas digestivos, pelo que pode ser detetada nos esgotos. Os pacientes desenvolvem febre e ficam com dores de garganta, enxaquecas, dores de estômago e musculares e um mal-estar geral.

A vacina disponibilizada às crianças londrinas baseia-se num vírus morto sem possibilidades de alastrar. Tem sido esta a vacina usada no país desde 2004.
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