Candidato a chefe do Governo de Macau "sensível" às questões da comunidade diz presidente Casa de Portugal

por Lusa

O candidato a chefe do Governo de Macau Ho Iat Seng mostrou-se hoje "sensível" às questões e aos problemas levantados pelos associados da Casa de Portugal, disse à Lusa a presidente da associação de matriz portuguesa.

Num "encontro simpático" na sede da Casa de Portugal em Macau, que durou cerca de uma hora, Ho Iat Seng ouviu questões ligadas à "vida" da associação, mas também relativas ao "interesse geral" dos cidadãos portugueses radicados em Macau, apontou Amélia António.

"Foram levantadas questões diretamente ligadas com a vida da associação e com as dificuldades que a associação encontra no exercício das várias vertentes da sua atividade, e foram levantadas algumas questões que são do interesse geral, como cidadãos de Macau, que nos preocupam", disse.

A visita do candidato à Casa de Portugal decorreu no âmbito de uma recolha de opiniões com vista à preparação do seu programa eleitoral. Um dia antes, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Macau tinha visitado jornais em língua portuguesa, Tribuna de Macau e Hoje Macau.

No encontro desta manhã, a Casa de Portugal denunciou a falta de instalações para a realização de cursos, sobretudo para crianças.

"Temos cada vez mais miúdos a precisarem de aulas, a quererem aulas" e "as rendas estão cada vez mais altas, portando temos de encontrar uma solução", disse a responsável.

Segundo Amélia António, a língua portuguesa também foi alvo de discussão, com um associado a denunciar cursos de formação obrigatórios para determinadas profissões que só estão disponíveis em chinês.

"Ora, tal impede o exercício da profissão por outras pessoas, o que é contra a lei básica e contra a declaração conjunta", frisou a dirigente da Casa de Portugal.

Já no âmbito geral, foram manifestadas a Ho Iat Seng preocupações relativas ao ambiente, como a limpeza no centro da cidade e a necessidade do aumento de pontos de recolha de lixo, e os direitos dos trabalhadores não-residentes.

"Os trabalhadores não-residentes não podem continuar a ser tratados como se não fizessem parte da economia de Macau, como se não fossem um elemento indispensável", sublinhou Amélia António, advertindo que estes trabalhadores "são menosprezados".

Neste sentido, os associados sublinharam a questão da assistência médica, ou da sua falta, "que cria situações muito complicadas".

No ano passado, entraram em vigor novas taxas de serviços de partos no hospital público, com as trabalhadoras não-residentes a terem de pagar nove vezes mais.

A Casa de Portugal lançou ainda uma sugestão ao candidato: concursos para jovens `designers`, "para a conceção de coisas modernas e bonitas e equipamentos que a cidade precisa".

De acordo com Amélia António, Ho Iat Seng "expressou a sua sensibilidade com as questões" levantadas, "algumas que já não seriam novas e que vieram corroborar alguma informação que ele já tinha".

"[Ho Iat Seng] mostrou-se sensível às dificuldades e às queixas semelhantes noutras associações, embora algumas não tenham o tipo de atividade que nós temos, permanente, durante o ano todo", afirmou.

Por fim, a dirigente da Casa de Portugal disse esperar que a "simpatia manifestada se venha a traduzir em ações que se repercutam na vida das associações".

Já no início da semana, Ho Iat Seng tinha visitado a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM) e, um dia depois, a Associação dos Macaenses (ADM).

O antigo presidente da Assembleia Legislativa renunciou ao mandato no início deste mês para concorrer ao cargo de chefe do Governo, cujas eleições estão previstas para 25 de agosto.

O hemiciclo, que tinha então 15 dias para escolher um novo líder, elegeu na quarta-feira o deputado veterano Kou Hoi In como o novo presidente da AL. Membro do hemiciclo desde 1991, o mais antigo deputado em exercício obteve o voto de 29 deputados, entre 32.

Ho Iat Seng, empresário que se estreou como deputado em 2009, ano em que foi eleito para o cargo de vice-presidente da AL e, quatro anos depois, em 2013, para o de presidente daquele órgão, foi até abril um dos 175 membros do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da República Popular da China.

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