Candidato derrotado pede apoio para líder eleita do Executivo de Hong Kong

por Lusa

Hong Kong, China, 26 mar (Lusa) -- O candidato mais apoiado pelos pró-democratas na eleição de chefe do Executivo de Hong Kong, John Tsang, instou hoje a sociedade a ajudar a líder do governo eleita e pediu desculpas por não ter conseguido cumprir as expetativas dos cidadãos.

"Lutei uma boa luta", disse John Tsang, em conferência de imprensa, após o anúncio dos resultados eleitorais oficiais no centro de convenções de Hong Kong, onde se realizaram a votação e a contagem dos votos.

Com 365 votos, John Tsang, de 65 anos, foi o segundo classificado na votação do colégio eleitoral composto por 1.194 membros, a qual deu 777 votos a Carrie Lam, de 59, e apenas 21 ao juiz jubilado Woo Kwok-hing, de 71.

Carrie Lam era apontada como a candidata preferida de Pequim.

O segundo candidato mais votado -- com menos de metade dos votos da vencedora da eleição -- disse aceitar os resultados e não ter razões para acreditar que o governo central chinês tenha interferido no processo eleitoral.

Durante a campanha, o campo pró-democrata, que nas últimas semanas tinha vindo a manifestar o apoio a Tsang, denunciou a interferência de Pequim na eleição do chefe do Executivo, com acusações de alegadas pressões sobre os membros do colégio eleitoral para votarem em Carrie Lam.

"Acredito que Carrie, tal como eu, vai defender os valores fundamentais de Hong Kong. Desejo pedir a todos que lhe prestem o seu pleno apoio para que ela e o seu governo consigam um futuro mais harmonioso para (tornar) Hong Kong melhor", disse John Tsang.

John Tsang e Carrie Lam foram colegas no governo atual liderado por CY Leung. Tsang era secretário para as Finanças e Carrie Lam secretária-chefe, uma posição referida como "número dois" no Executivo.

Ambos apresentaram demissão dos respetivos cargos para serem candidatos na eleição de hoje.

Questionado sobre se estaria interessado em ser deputado, John Tsang disse que não queria ser uma "Regina 2.0", uma alusão à deputada e antiga secretária para a Segurança de Hong Kong Regina Ip.

Regina Ip aspirava a ocupar o cargo de chefe do Executivo para os próximos cinco anos, mas acabou por desistir do plano depois de não ter conseguido as necessárias 150 nomeações do colégio eleitoral para formalizar a respetiva candidatura.

A maioria dos cerca de 3,8 milhões de eleitores de Hong Kong não pode votar no líder do governo da Região Administrativa Especial.

Para ser eleito chefe do Executivo à primeira volta eram necessários pelo menos 601 votos dos membros do colégio eleitoral, o qual é formado por representantes de vários setores, que vão desde a agricultura, educação, medicina tradicional chinesa até ao imobiliário, entre outros.

O campo pró-Pequim detinha a maioria dos lugares que compõe os 1.194 membros do colégio eleitoral, enquanto a ala pró-democrata ficou com aproximadamente 300 assentos. Grande parte dos grupos políticos ligados ao campo pró-democrata manifestou nas últimas semanas o seu apoio ao candidato John Tsang.

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