Casa Branca acusada de tentar impedir "indevidamente" publicação de livro de John Bolton

por RTP
Carlo Allegri - Reuters

Assessores da Casa Branca foram esta quarta-feira acusados de terem tentado intervir de forma indevida para impedir a publicação do livro de John Bolton. Os funcionários da Administração Trump alegaram, na altura, que o manuscrito do antigo conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump continha informações confidenciais.

A acusação foi feita através de uma carta, apresentada esta quarta-feira num tribunal federal de Washington, por um advogado da ex-funcionária do Conselho de Segurança Nacional (NSC) Ellen Knight - uma autoridade que supervisionou a revisão da publicação de "The Room Where It Happened" de John Bolton.

Num documento de 18 páginas, o advogado revela como a Administração Trump tentou impedir a publicação, garantindo que o Departamento de Justiça pode ter alegado que o livro continha informações confidenciais - e, por isso, foi aberto uma investigação criminal sobre Bolton - com base em falsos pretextos.

Ellen Knight, responsável pela revisão, acusa os advogados do presidente norte-americano tentaram eliminar informações e terem conduzido uma segunda revisão "inadequadamente" do manuscrito após o conteúdo ter sido revisto por si.

"Se a preocupação deles [dos advogados de Trum] fosse produzir um manuscrito publicável sem informações confidenciais, provavelmente teriam pedido aos especialistas que dedicaram centenas de horas para fazerm uma revisão meticulosa de cada página", escreveu Kenneth Wainstein, advogado de Knight.

Na acusação lê-se ainda que um assessor de Trump também "a instruiu a evitar temporariamente qualquer resposta" a um pedido de Bolton para rever um capítulo sobre as negociações dos Estados Unidos com a Ucrânia para que pudesse ser divulgado durante o julgamento de "impeachment", esclareceu o advogado de Knight.

Wainstein escreveu ainda que a maioria, senão todos, os advogados de Trump "não estavam totalmente confortáveis" em relação ao livro de Bolton.

Ellen Knight garante que o livro não teve nunca informações que não pudessem ser divulgadas, mas que vários funcinários da Casa Branca lhe pediram várias vezes para que assinasse uma declaração confirmando que Bolton dizia uma série de falsas afirmações. Assim que a responsável pela revisão se recusou, foi afastada do processo de publicação.

O livro foi publicado a 23 de junho, embora continue a investigação a John Bolton, depois de o Departamente de Justiça ter aberto um processo contra a publicação.
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