Casado apela à “unidade” do PP espanhol para recuperar eleitores

por RTP
Javier Barbancho - Reuters

O novo líder do Partido Popular (PP) espanhol, Pablo Casado, apelou à "unidade" e "integração" no seu projeto da outra candidatura, para que esta força política ganhe as eleições e regresse ao poder perdido há menos de dois meses.

"Temos de recuperar a nossa base eleitoral", "voltar a conectar com as pessoas" e ter "um projeto ganhador", disse Casado no seu primeiro discurso, depois de ser proclamado presidente do Partido Popular (direita) com 57% dos votos dos delegados.

O novo líder assegurou aos 3.082 delegados ao congresso extraordinário em que foi eleito que não iria "defraudar" as suas expetativas e mostrou-se convencido de que os populares saem "mais fortes e mais unidos deste processo" em que "todos ganharam".

Pablo Casado teve palavras de agradecimento ao seu antecessor, Mariano Rajoy, e à sua rival, Soraya Sáenz de Santamaría, pela campanha "limpa" que fez. O anterior líder, Mariano Rajoy, foi presidente do Partido Popular durante 14 anos e primeiro-ministro nos últimos sete, desde 2011, até ser afastado do poder em 1 de junho último por uma moção de censura apresentada pelo PSOE com o apoio do Unidos Podemos (extrema-esquerda) e de outros partidos mais pequenos.

O novo líder da direita espanhola, com 37 anos, foi o candidato mais jovem à sucessão de Mariano Rajoy, tendo tido uma ascensão meteórica no partido até chegar ao lugar de vice-secretário responsável pela para a Comunicação do PP que ocupou até agora.

Muitos observadores acreditam que a vitória de Pablo Casado significa uma viragem à direita do Partido Popular.

No seu discurso, Casado defendeu o reforço do código penal espanhol para impedir qualquer possibilidade de que forças separatistas voltem a por em causa a unidade de Espanha.

O novo presidente tem a partir de agora a tarefa de preparar o PP para as eleições autárquicas (locais e autonómicas) e europeias previstas para maio de 2019, e para as legislativas que se devem realizar em 2020.

Casado terá como principal tarefa a reconstrução do partido que até agora liderou a direita espanhola mas que perdeu três milhões de votos entre as legislativas de 2011, a primeira em que Mariano Rajoy obteve uma maioria absoluta, e as de 2016, em que venceu com uma maioria relativa.Pablo Casado é o quarto líder do Partido Popular desde a sua fundação em 1989, e sucede a Manuel Fraga, José María Aznar e Mariano Rajoy.

Uma série de casos de corrupção fizeram com que muitos desses eleitores se tivessem transferido para o Cidadãos (direita liberal), o grande rival do PP no centro-direita, que várias sondagens, antes dos socialistas chegarem ao poder, indicavam que estava a subir na intenção de votos dos espanhóis.

Casado salientou no final do discurso de vitória que o PP "está de volta" mais "forte e unido" para ganhar as eleições e voltar ao poder.
Renovação no PP
Casado derrotou Soraya Sáenz de Santamaría, que foi a número dois do Governo de Rajoy. Aos 37 anos, é visto como um sinal de renovação no partido que governou Espanha nos últimos sete anos.

A presidente do congresso, Ana Pastor, proclamou Pablo Casado como o novo presidente do Partido Popular, depois de ter sido o mais votado pelos 3.082 delegados ao congresso, tendo ganho o braço de ferro contra Soraya Sáenz de Santamaría, que concorria com ele ao lugar depois de os dois terem sido os mais votados nas primárias realizadas há duas semanas.

Daniela Santiago - RTP

O novo líder da direita espanhola, com 37 anos, foi o candidato mais jovem à sucessão de Mariano Rajoy, tendo tido uma ascensão meteórica no partido até chegar ao lugar de vice-secretário responsável pela para a Comunicação do PP que ocupou até agora.
O líder mais jovem do PP espanhol
O novo presidente do PP espanhol, Pablo Casado, com 37 anos, é o líder mais jovem que este partido já teve na sua curta história, sendo visto por muitos como defensor da ala mais conservadora e tradicional.

Nascido em Palencia (Espanha) em 1981 foi o mais jovem dos seis candidatos que se apresentaram às primárias do PP há duas semanas e o único que durante a campanha defendeu com mais veemência o passado do partido, nomeadamente a liderança do ex-primeiro-ministro José María Aznar que, entretanto, abandonou o partido em desacordo com liderança tecnocrática de Mariano Rajoy.

Advogado e economista, Pablo Casado teve uma carreira meteórica no PP, onde começou com Esperanza Aguirre (ex-líder da Comunidade Autónoma de Madrid) e José María Aznar, tornando-se mais tarde um dos responsáveis do círculo de confiança de Mariano Rajoy.

Foi deputado regional na Assembleia Regional de Madrid entre 2007 e 2009, anos em que a presidente da Comunidade era Esperanza Aguirre, tendo deixado o lugar para ser chefe de gabinete do ex-primeiro-ministro Aznar.Pablo Casado inscreveu-se no PP em 2003 e apenas dois anos depois foi eleito presidente das Novas Gerações, a juventude do partido, cargo que ocupou durante oito anos, até 2013.

Em 2015 deu o salto para a estrutura diretiva do PP, primeiro como líder da campanha para as autárquicas de maio de 2015 e depois, quando Rajoy o convidou como vice-secretário para a Comunicação do partido.

Desde que chegou a este lugar na direção nacional Casado tem estado muito presente, como porta-voz, em toda a comunicação social.

O novo líder do PP também se distinguiu de outros dirigentes dos populares pelo seu bom relacionamento com o presidente, também jovem, do partido Cidadãos, Albert Rivera, que concorre na mesma área política, o centro-direita espanhol.

Pablo Casado esteve envolvido nos últimos meses, antes de se candidatar à presidência, numa intensa controvérsia sobre a forma muito rápida como obteve o seu currículo, nomeadamente o seu diploma de direito e outros títulos em universidades estrangeiras.

c/ Lusa
pub