A Coreia do Norte debate-se com um surto de covid-19, mas o líder norte-coreano, Kim Jong-un, compareceu sem proteção facial ao funeral de um importante militar que terá sido um dos seus mentores. Depois de ser noticiada a 12 de maio a existência dos primeiros casos, o país instituiu um confinamento nacional para conter a doença.
De acordo com o diário britânico The Guardian, alguns analistas consideram "provável" que o regime "subnotifique a mortalidade para proteger Kim de danos políticos".A Coreia do Norte só admitiu a existência de um surto de Ómicron a 12 de maio, tendo ao longo do último ano de pandemia recusado qualquer vacina oferecida pelo programa de distribuição Covax, apoiado pela ONU.
A comunidade internacional questiona o verdadeiro impacto do surto da variante da covid-19, dado que os 26 milhões de habitantes da Coreia do Norte não são vacinados e cerca de 40 por cento têm dificuldades de subsistência.
"Todo o povo [da Coreia do Norte] mantém uma atitude favorável perante campanha para controlo da epidemia com a máxima consciência, em resposta ao apelo do comité central do partido para defender sua preciosa vida e futuro com confiança na vitória certa e redobrado grandes esforços", sublinha a KCNA.
A Organização Mundial da Saúde solicitou esclarecimentos sobre o surto, mas não recebeu qualquer resposta.
As regras de Kim Jong-un
No meio das regras impostas no país, Kim Jong-un esteve presente no funeral de um importante militar em Pyongyang. Kim ajudou a transportar a urna de Hyon Chol-hae, um marechal do Exército do Povo Coreano, mas compareceu sem qualquer proteção facial, ao contrário de quase todos os outros elementos do partido.
A KCNA descreveu ainda a emoção do atual líder, dizendo que chorou durante as cerimónias fúnebres.
Orgulhosos e autossuficientes
Para combater o surto da Ómicron, a Coreia do Norte estabeleceu um confinamento nacional e implementou normas rigorosas.
O movimento de região para região foi proibido, mas as principais atividades agrícolas, económicas e outras atividades industriais continuaram num aparente esforço para minimizar os danos à economia já moribunda do país.
O sistema público de saúde está praticamente inoperante e sem medicamentos, implicando uma capacidade limitada de testes para tantas pessoas doentes.
Alguns observadores afirmam que a Coreia do Norte receberá ajuda apenas da China, que se apresenta como o seu último grande aliado.
Kim Jong-un terá rejeitado toda a ajuda ocidental porque isso prejudicaria a liderança, uma vez que repetidamente aventou a estratégia da "autossuficiência" para contrariar as campanhas de pressão lideradas pelos EUA.